O que é | Tipos de câncer | Causas | Fatores de risco | Diagnóstico | Prevenção | Tratamentos | Cuidados
O que é câncer?
Câncer é o crescimento desordenado de células que invadem órgãos e tecidos. Essas células doentes podem espalhar-se para outras regiões, o que conhecemos como metástase. Atualmente, existem mais de 100 tipos de câncer na literatura médica mundial.
O câncer é maligno quando o crescimento desordenado dessas células é incontrolável, em grande quantidade e agressivo, o que deixa a pessoa debilitada e, em grande parte dos casos, traz risco de morte a curto, médio ou longo prazo, conforme as condições clínicas e avanço da doença em cada situação.
O câncer é considerado benigno quando essas células desordenadas crescem em apenas um local específico do corpo, de forma devagar, e trazem semelhanças aos tecidos originais. Esse tipo de câncer raramente constitui risco de morte.
Quais são os tipos de câncer?
Existem mais de 100 tipos de câncer, que correspondem aos vários tipos de células presentes no corpo humano. O câncer de pele, por exemplo, tem vários tipos, uma vez que a pele é composta por mais de um tipo de célula.
Se o câncer tiver início em tecidos epiteliais, como a pele ou mucosas, é conhecido como carcinoma. Se começar em tecidos conjuntivos, como ossos, músculos ou cartilagens, é chamado de sarcoma.
Outra característica que diferencia os diversos tipos de câncer existentes são a velocidade de multiplicação das células doentes e a capacidade que elas têm de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes, fenômeno conhecido como metástase.
Cada tipo de câncer traz sintomas e necessita de tratamentos específicos, conforme cada caso. Abaixo, os principais e mais comuns tipos de câncer.
- Câncer anal
- Câncer da bexiga
- Câncer de boca
- Câncer colorretal
- Câncer do colo do útero
- Câncer do esôfago
- Câncer do estômago
- Câncer do fígado
- Câncer infantil
- Câncer de laringe
- Leucemia
- Linfoma de Hodgkin
- Linfoma não-Hodgkin
- Câncer de mama
- Câncer do ovário
- Câncer de pâncreas
- Câncer de pele melanoma
- Câncer de pele não melanoma
- Câncer do pênis
- Câncer de próstata
- Câncer do pulmão
- Câncer do testículo
- Tumores de Ewing
O que causa câncer?
O câncer pode ter várias causas. Fatores externos ou internos ao organismo contribuem para o desenvolvimento da doença. As causas externas estão relacionadas ao meio ambiente, aos hábitos, costumes e qualidade de vida da própria pessoa. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas e estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas.
Alguns tipos de câncer têm a causa bem conhecida. O cigarro, por exemplo, pode causar câncer de pulmão. A exposição excessiva ao sol, pode provocar câncer de pele. Alguns vírus podem causar leucemia e o HPV câncer de cólo do útero. Outros tipos de câncer, ainda em estudo, podem ter ligação direta com componente dos alimentos.
O envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam as chances de câncer. Esse fator somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica em parte o porquê de o câncer ser mais freqüente nesses indivíduos.
Quais são os fatores de risco para desenvolvimento do câncer?
O termo “risco” é usado para definir a chance de uma pessoa sadia, exposta a determinados fatores, ambientais ou hereditários, desenvolver uma doença. Os fatores associados ao aumento do risco de se desenvolver uma doença são chamados fatores de risco.
O mesmo fator pode ser de risco para várias doenças – o tabagismo e a obesidade, por exemplo, são fatores de risco para diversos cânceres, além de doenças cardiovasculares e respiratórias. Vários fatores de risco podem estar envolvidos na origem de uma mesma doença. Estudos mostram, por exemplo, a associação entre álcool, tabaco, e o câncer da cavidade oral.
Nas doenças crônicas, como o câncer, as primeiras manifestações podem surgir após muitos anos de uma exposição única (radiações ionizantes, por exemplo) ou contínua (no caso da radiação solar ou tabagismo) aos fatores de risco. A exposição solar prolongada sem proteção adequada durante a infância pode ser uma das causas do câncer de pele no adulto.
Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, herdados ou resultado de hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e cultural. As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os ‘hábitos’ e o ‘estilo de vida’ adotados pelas pessoas, podem determinar diferentes tipos de câncer.
Hábitos que podem causar câncer
- Tabagismo
- Hábitos Alimentares
- Alcoolismo
- Hábitos Sexuais
- Medicamentos
- Fatores Ocupacionais
- Radiação solar
Fatores de risco de natureza ambiental para desenvolvimento do câncer
Os fatores de risco de câncer podem ser encontrados no meio ambiente ou podem ser herdados. A maioria dos casos de câncer (80%) está relacionada ao meio ambiente, no qual encontramos um grande número de fatores de risco. Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (indústrias químicas e afins), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos), além do ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida).
Fator Hereditariedade no câncer
São raros os casos de cânceres que se devem exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos, apesar de o fator genético exercer um importante papel na oncogênese. Um exemplo são os indivíduos portadores de retinoblastoma que, em 10% dos casos, apresentam história familiar deste tumor. Alguns tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter um forte componente familiar, embora não se possa afastar a hipótese de exposição dos membros da família a uma causa comum. Determinados grupos étnicos parecem estar protegidos de certos tipos de câncer: a leucemia linfocítica é rara em orientais, e o sarcoma de Ewing é muito raro em negros.
O diagnóstico precoce do câncer
Detecção precoce é uma forma de prevenção secundária e visa a identificar o câncer em estágios iniciais. Existem duas estratégias de detecção precoce: o diagnóstico precoce e o rastreamento.
O objetivo do diagnóstico precoce é identificar pessoas com sinais e sintomas iniciais da doença, primando pela qualidade e pela garantia da assistência em todas as etapas da linha de cuidado da doença. O diagnóstico precoce, portanto, é uma estratégia que possibilita terapias mais simples e efetivas, ao contribuir para a redução do estágio de apresentação do câncer. Assim, é importante que a população em geral e os profissionais de saúde reconheçam os sinais de alerta dos cânceres mais comuns, passíveis de melhor prognóstico se descobertos no início. A maioria dos cânceres é passível de diagnóstico precoce mediante avaliação e encaminhamento após os primeiros sinais e sintomas.
Já o rastreamento é uma ação dirigida à população sem sintomas da doença, que tem o intuito de identificar o câncer em sua fase pré-clínica. Atualmente, apenas há a indicação de rastreamento aos cânceres de mama e do colo do útero.
Como prevenir o câncer?
A prevenção primária engloba ações realizadas para evitar a ocorrência da doença e suas estratégias são voltadas para a redução da exposição aos fatores de risco. Os principais fatores de risco relacionados ao desenvolvimento do câncer são: atividade física, tabagismo, alimentação, peso corporal, hábitos sexuais, fatores ocupacionais, bebidas alcoólicas, exposição solar, radiações e medicamentos.
Ações que ajudam a prevenir o câncer:
Não fume!
Essa é a regra mais importante para prevenir o câncer, principalmente os de pulmão, cavidade oral, laringe, faringe e esôfago. Ao fumar, são liberadas no ambiente mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas que são inaladas por fumantes e não fumantes. Parar de fumar e de poluir o ambiente é fundamental para a prevenção do câncer.
Alimentação saudável protege contra o câncer
A alimentação deve ser variada, equilibrada, saborosa, respeitar a cultura e proporcionar prazer e saúde. Frutas, legumes, verduras, cereais integrais e feijões são os principais alimentos protetores. Comer esses alimentos diariamente pode evitar o desenvolvimento de câncer.
Mantenha o peso corporal adequado
Estar acima do peso aumenta as chances de desenvolver câncer. Por isso, é importante controlar o peso por meio de uma boa alimentação e manter-se ativo. Cerca de um terço de todos os casos de câncer podem ser evitados com alimentação saudável, manutenção de peso corporal adequado e exercícios físicos.
Pratique atividades físicas diariamente
A atividade física consiste na iniciativa de se movimentar, de acordo com a rotina de cada um. Você pode, por exemplo, caminhar, dançar, trocar o elevador pelas escadas, levar o cachorro para passear, cuidar da casa ou do jardim.
Amamente
O aleitamento materno é a primeira alimentação saudável. A amamentação exclusiva até os seis meses de vida protege as mães contra o câncer de mama e as crianças contra a obesidade infantil. A partir de então, deve-se complementar a amamentação com outros alimentos saudáveis até os dois anos ou mais.
Mulheres entre 25 e 64 anos devem fazer um exame preventivo ginecológico a cada três anos
As alterações das células do útero são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica deste exame. Tão importante quanto fazer o exame é saber o resultado e seguir as orientações médicas.
Evite a ingestão de bebidas alcoólicas
Seu consumo, em qualquer quantidade, contribui para o risco de desenvolver câncer. Além disso, combinar bebidas alcoólicas com o tabaco aumenta a possibilidade do surgimento da doença.
Evite a exposição ao sol entre 10h e 16h, e use sempre proteção adequada, como chapéu, barraca e protetor solar, inclusive nos lábios
Se for inevitável a exposição ao sol durante a jornada de trabalho, use chapéu de aba larga, camisa de manga longa e calça comprida.
Vacine contra o HPV as meninas de 9 a 14 anos e os meninos de 11 a 14 anos
O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, desde 2014, a vacina contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. A vacinação e o exame preventivo (Papanicolaou) se complementam como ações de prevenção do câncer do colo do útero. Mesmo as mulheres vacinadas, quando chegarem aos 25 anos, deverão fazer um exame preventivo a cada três anos, pois a vacina não protege contra todos os subtipos do HPV.
Como tratar o câncer?
O tratamento do câncer é feito por meio de uma ou de várias modalidades/técnicas de tratamento combinadas. A principal delas é a cirurgia oncológica, que pode ser empregada em conjunto com radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea, conforme cada caso. O médico vai escolher o tratamento mais adequado de acordo com a localização, o tipo do câncer, a condição clínica do paciente e a extensão da doença. Todas as modalidades de tratamento são oferecidas, de forma integral e gratuita, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Radioterapia
É um tratamento no qual se utilizam radiações para destruir um tumor ou impedir que suas células aumentem. Estas radiações não são vistas e durante a aplicação o paciente não sente nada. A radioterapia pode ser usada em combinação com a quimioterapia ou outros recursos usados no tratamento dos tumores, como as cirurgias oncológicas.
- Benefícios da radioterapia: metade dos pacientes com câncer são tratados com radiações e é cada vez maior o número de pessoas que ficam curadas com este tratamento. Para muitos pacientes, é um meio bastante eficaz, fazendo com que o tumor desapareça e a doença fique controlada ou até mesmo curada. Quando não é possível obter a cura, a radioterapia pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida. Isso porque as aplicações diminuem o tamanho do tumor, o que alivia a pressão, reduz hemorragias, dores e outros sintomas, proporcionando alívio aos pacientes.
- Como é feita a radioterapia: o número de aplicações necessárias pode variar de acordo com a extensão e a localização do tumor, dos resultados dos exames e do estado de saúde do paciente. Para programar o tratamento, é utilizado um aparelho chamado simulador. Através de radiografias, o médico delimita a área a ser tratada, marcando a pele com uma tinta vermelha. Para que a radiação atinja somente a região marcada, em alguns casos pode ser feito um molde de gesso ou de plástico, para que o paciente se mantenha na mesmo posição durante a aplicação. O paciente ficará deitado sob o aparelho, que estará direcionado para o traçado sobre a pele. É possível que sejam usados protetores de chumbo entre o aparelho e algumas partes do corpo, para proteger os tecidos e órgãos sadios.
De acordo com a localização do tumor, a radioterapia pode ser feita de duas formas:
- Os aparelhos ficam afastados do paciente. É chamada Teleterapia ou Radioterapia Externa.
- Os aparelhos ficam em contato com o organismo do paciente. É chamada Braquiterapia ou Radioterapia de Contato. Esse tipo trata tumores da cabeça, do pescoço, das mamas, do útero, da tiróide e da próstata. As aplicações podem ser feitas em ambulatório, mas no caso de tumores ginecológicos, há necessidade de hospitalização de pelo menos três dias. Pode ser necessário receber primeiro a Radioterapia Externa e depois a Braquiterapia.
- Efeitos da radioterapia e o quê fazer quando surgirem: a intensidade dos efeitos da radioterapia depende da dose do tratamento, da parte do corpo tratada, da extensão da área radiada, do tipo de radiação e do aparelho utilizado. Geralmente aparecem na 3ª semana de aplicação e desaparecem poucas semanas depois de terminado o tratamento, podendo durar mais tempo
Os efeitos indesejáveis mais freqüentes em pacientes que fazem tratamento de câncer por radioterapia são:
- Cansaço: o paciente deve diminuir as atividades e descansar nas horas livres. Algumas pessoas preferem se afastar do trabalho, outras trabalham menos horas no período de tratamento.
- Perda de apetite e dificuldade para ingerir alimentos: é recomendável comer pouco e em mais vezes. O paciente deve ingerir coisas leves e variar a comida para melhorar o apetite. Fazer uma caminhada antes das refeições também ajuda. Em alguns casos, a saliva torna-se mais espessa e altera o sabor dos alimentos, mas após o término do tratamento o paladar irá melhorar.
- Reação da pele: a pele que recebe radiação poderá coçar, ficar vermelha, irritada, queimada ou bronzeada, tornando-se seca e escamosa. É importante informar ao médico, durante as consultas de revisão, qualquer das seguintes situações: febre igual ou acima de 38°C, dores, assaduras e bolhas, secreção na pele.
Alguns cuidados podem reduzir essas sensações:
- lavar a área com água e sabão e enxugar com uma toalha macia, sem esfregar;
- não usar na área em tratamento cremes, loções, talcos, desodorantes, perfumes, medicações ou qualquer outra substância não autorizada pelo médico. Isso pode alterar a reação da radioterapia;
- utilizar qualquer tipo de curativo na pele (como gaze ou band-aid) com a orientação médico;
- não utilizar sacos de água quente ou gelo, saunas, banhos quentes, lâmpadas solares ou qualquer outro material sobre a pele em tratamento;
- proteger a pele da luz solar até um ano depois do fim do tratamento, usando protetor solar fator 15 ou uma blusa ou camiseta.
- evitar usar roupas apertadas, soutiens, camisas com colarinhos, calças jeans etc.;
- não usar tecidos sintéticos do tipo nylon, lycra, cotton ou tecidos mistos com muita fibra sintética. A roupa deve ser feita de algodão.
Quimioterapia
Quimioterapia é um tratamento que utiliza medicamentos para destruir as células doentes que formam um tumor. Dentro do corpo humano, cada medicamento age de uma maneira diferente. Por este motivo são utilizados vários tipos a cada vez que o paciente recebe o tratamento. Estes medicamentos se misturam com o sangue e são levados a todas as partes do corpo, destruindo as células doentes que estão formando o tumor e impedindo, também, que elas se espalhem pelo corpo. O paciente pode receber a quimioterapia como tratamento único ou aliada a outros, como radioterapia e/ou cirurgia.
Como é feito o tratamento por quimioterapia: o tratamento é administrado por enfermeiros especializados e auxiliares de enfermagem, podendo ser feito das seguintes maneiras:
- Via oral (pela boca): o paciente ingere pela boca o medicamento na forma de comprimidos, cápsulas e líquidos. Pode ser feito em casa.
- Intravenosa (pela veia): a medicação é aplicada diretamente na veia ou por meio de cateter (um tubo fino colocado na veia), na forma de injeções ou dentro do soro.
- Intramuscular (pelo músculo): a medicação é aplicada por meio de injeções no músculo.
- Subcutânea (pela pele): a medicação é aplicada por injeções, por baixo da pele. ß Intracraneal (pela espinha dorsal): menos freqüente, podendo ser aplicada no líquor (líquido da espinha), pelo próprio médico ou no centro cirúrgico.
- Tópico (sobre a pele ou mucosa): o medicamento (líquido ou pomada) é aplicado na região afetada.
Quanto tempo demora todo o tratamento por quimioterapia: a duração do tratamento é planejada de acordo com o tipo de tumor e varia em cada caso. Ainda que o paciente não sinta qualquer mal-estar, as aplicações de medicamento não devem ser suspensas. Somente o médico indicará o fim do tratamento.
Como é feita uma aplicação de quimioterapia: a quimioterapia não causa dor. O paciente deve sentir apenas a “picada” da agulha na pele. Algumas vezes, certos remédios podem causar uma sensação de desconforto, queimação na veia ou placas avermelhadas na pele, como urticária. O médico deve ser imediatamente avisado de qualquer reação.
O tempo de aplicação vai depender do tipo de tratamento determinado pelo médico. Existem situações em que o paciente precisa se internar para receber aplicações mais prolongadas.
Mudança de rotina durante tratamento de quimioterapia: o paciente pode manter as atividades de trabalho normais, devendo comunicar ao médico qualquer reação do tratamento.
- Sono: é importante dormir bem e repousar, principalmente após receber a aplicação. Isso porque um corpo descansado responde melhor ao tratamento e ajuda a reduzir os efeitos desagradáveis que ele pode causar.
- Outros medicamentos: o paciente deve informar ao médico se possui outro problema de saúde e se toma outros remédios.
- Bebidas alcoólicas: são permitidas, desde que ingeridas em pequenas quantidades. É proibido tomar bebidas alcoólicas poucos dias antes ou poucos dias após receber a aplicação da quimioterapia; e quando o paciente estiver tomando antibióticos, tranqüilizantes ou remédios para dormir.
- Menstruação: as mulheres que menstruam podem apresentar algumas alterações no ciclo menstrual o fluxo de sangue do período pode aumentar, diminuir ou parar completamente. Se isto acontecer, o médico responsável deve ser comunicado. No entanto, após o término do tratamento, o ciclo menstrual retornará ao normal. ß Tratamento dentário: só deve ser feito mediante autorização do médico.
- Atividades sexuais: a quimioterapia não interfere nem prejudica as relações sexuais, que podem ser mantidas normalmente. Vale ressaltar que a gravidez deve ser evitada durante o tratamento. Por isso, homens e mulheres devem usar preservativo (camisinha) em todas as relações sexuais, e as mulheres também devem usar pílulas anticoncepcionais se o médico prescrever.
Quais são os efeitos colaterais da quimioterapia?
Alguns efeitos indesejáveis podem ocorrer. Saiba o que fazer em cada situação.
- Fraqueza: o paciente deve evitar esforço excessivo e aumentar as horas de descanso. Para tanto, pode dividir com alguém as atividades caseiras e combinar um melhor horário de trabalho.
- Diarréia: o médico irá receitar medicamentos próprios para combater a diarréia, o que pode ser ajudado com a ingestão de líquidos e de alimentos como arroz, queijo, ovos cozidos, purês e banana, que ajudam a “segurar” o intestino. O paciente deve se lavar após cada episódio de diarréia e consultar-se com o nutricionista.
- Perda de peso: alimentos como gemadas, milk-shakes, queijo, massas e carnes, ajudam a aumentar seu peso, e devem ser ingeridos principalmente no intervalo entre uma aplicação e outra.
- Aumento de peso: neste caso, o paciente deve reduzir a quantidade de alimentos, diminuir ou cortar o sal da alimentação e comer mais frutas.
- Feridas na boca: para minimizar esse efeito, deve-se manter a boca sempre limpa, e evitar usar escova de dentes e prótese dentária. O enxagüe deve ser feito com água filtrada e uma colher de chá de bicarbonato. É indicado comer alimentos pastosos, sopas ou sucos. Alimentos gelados (sorvetes, refrigerantes, gelatina) ajudam a anestesiar a boca.
- Queda de cabelos e outros pêlos do corpo: para contornar essa situação passageira, podem ser utilizados perucas, lenços e demais acessórios para melhorar o visual.
- Enjôo: o paciente deve comer em pequenas quantidades e com mais freqüência. Balas à base de hortelã, água mineral gelada com limão, bebidas com gás e sorvetes ajudam a melhorar este tipo de desconforto.
- Vômitos: evitar alimentos com muito tempero ou muito gordurosos (é bem aceita pipoca sem gordura) e bebidas alcoólicas; tomar os remédios para enjôo e vômito que forem receitados pelo médico; comer algo leve antes da aplicação e dormir após.
- Tonteiras: o paciente deve vir acompanhado para a sessões da quimioterapia. Após a aplicação, deve descansar, evitando passeios.
Cuidados especiais no tratamento por quimioterapia
Ao fazer a barba, o paciente deve ter cuidado para não se cortar (se possível, usar barbeador elétrico). Nas mãos, evitar retirar cutículas e cuidado ao cortar as unhas.
Caso sinta ressecamento da pele ou descamação, pode passar hidratante que não contenha álcool (como por exemplo óleo de amêndoa, leite de aveia, Proderm). Não usar desodorantes que contenham álcool.
Alguns medicamentos, quando administrados fora da veia, podem causar lesões do tipo queimaduras, que, quando não tratadas, podem causar algumas complicações. Podem surgir dores, queimação, inchaço, vermelhidão no braço e outros sintomas, que podem ser sentidos durante a injeção ou algum tempo (até dias) depois. Caso isso aconteça, a equipe médica deve ser avisada. Em casa, o paciente pode tomar algumas medidas:
- lavar o braço com água e sabão;
- mergulhar o braço em água gelada durante 20 minutos, várias vezes ao dia, até que desapareça a vermelhidão;
- manter o braço elevado o maior tempo possível.
Em quais situações do tratamento por quimioterapia o paciente deve procurar o médico?
O paciente deve retornar ao hospital imediatamente em caso de:
- febre por mais de duas horas, principalmente igual ou acima de 38°C;
- manchas ou placas avermelhadas no corpo;
- sensação de dor ou ardência ao urinar;
- dor em qualquer parte do corpo inexistente antes do tratamento;
- sangramentos que demoram a estancar;
- falta de ar ou dificuldade de respirar;
- diarréia por mais de dois dias.
A cada volta, o enfermeiro ou médico devem ser informados sobre tudo o que o paciente sentiu depois que recebeu a Quimioterapia.
Transplante de medula óssea
O transplante de medula óssea é o tratamento para algumas doenças malignas que afetam as células do sangue, como a Leucemia, que é um tipo de câncer (no sangue). Ele consiste na substituição de uma medula óssea doente, ou deficitária, por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula.
Onde tratar câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS)?
A Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer descreve a necessidade de se garantir o cuidado integral ao usuário na Rede de Atenção à Saúde de forma regionalizada e descentralizada e estabelece que o tratamento do câncer será realizado em estabelecimentos de saúde habilitados como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) ou como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon).
Os estabelecimentos de saúde habilitados como Unacon ou Cacon devem oferecer assistência geral, especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico, estadiamento e tratamento. Esses estabelecimentos deverão para garantir a qualidade dos serviços de assistência oncológica e a segurança do paciente.
Rede ampliada de tratamento ao câncer
Existem atualmente 288 unidades e centros de assistência habilitados no tratamento do câncer. Todos os estados brasileiros têm pelo menos um hospital habilitado em oncologia, onde o paciente de câncer encontrará desde um exame até cirurgias mais complexas. Cabe às secretarias estaduais e municipais de Saúde organizar o atendimento dos pacientes na rede assistencial, definindo para que hospitais os pacientes, que precisam entrar no sistema público de saúde por meio da Rede de Atenção Básica, deverão ser encaminhados.
Cuidados paliativos no tratamento do câncer
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.
Dessa forma, os cuidados paliativos devem incluir as investigações necessárias para o melhor entendimento e manejo de complicações e sintomas estressantes tanto relacionados ao tratamento quanto à evolução da doença. Apesar da conotação negativa ou passiva do termo, a abordagem e o tratamento paliativo devem ser eminentemente ativos, principalmente em pacientes portadores de câncer em fase avançada, onde algumas modalidades de tratamento cirúrgico e radioterápico são essenciais para alcance do controle de sintomas.
Considerando a carga devastadora de sintomas físicos, emocionais e psicológicos que se avolumam no paciente com doença terminal, faz-se necessária a adoção precoce de condutas terapêuticas dinâmicas e ativas, respeitando-se os limites do próprio paciente frente a sua situação de incurabilidade.
Cuidados paliativos no tratamento do câncer
- Fornecer alívio para dor e outros sintomas estressantes como astenia, anorexia, dispnéia e outras emergências oncológicas.
- Reafirmar vida e a morte como processos naturais.
- Integrar os aspectos psicológicos, sociais e espirituais ao aspecto clínico de cuidado do paciente.
- Não apressar ou adiar a morte.
- Oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do paciente, em seu próprio ambiente.
- Oferecer um sistema de suporte para ajudar os pacientes a viverem o mais ativamente possível até sua morte.
- Usar uma abordagem interdisciplinar para acessar necessidades clínicas e psicossociais dos pacientes e suas famílias, incluindo aconselhamento e suporte ao luto.
- O INCA oferece Cuidados Paliativos aos pacientes oncológicos atendidos em suas Unidades Hospitalares no Rio de Janeiro, por meio de Unidade Especializada denominada Hospital do Câncer IV. O HC IV é também espaço de ensino e pesquisa sobre Cuidados Paliativos e promove debates e articulação em rede para expansão desta área na política de saúde do Brasil.
Pontos fundamentais dos cuidados paliativos no tratamento do câncer
- A unidade de tratamento compreende o paciente e sua família.
- Os sintomas do paciente devem ser avaliados rotineiramente e gerenciados de forma eficaz através de consultas frequentes e intervenções ativas.
- As decisões relacionadas à assistência e tratamentos médicos devem ser feitos com base em princípios éticos.
- Os cuidados paliativos devem ser fornecidos por uma equipe interdisciplinar, fundamental na avaliação de sintomas em todas as suas dimensões, na definição e condução dos tratamentos farmacológicos e não farmacológicos, imprescindíveis para o controle de todo e qualquer sintoma.
- A comunicação adequada entre equipe de saúde e familiares e pacientes é a base para o esclarecimento e favorecimento da adesão ao tratamento e aceitação da proximidade da morte.
Os cuidados paliativos modernos estão organizados em graus de complexidade que se somam em um cuidado integral e ativo. Os cuidados paliativos gerais referem-se à abordagem do paciente a partir do diagnóstico de doença em progressão, atuando em todas as dimensões dos sintomas que vierem a se apresentar.
Cuidados paliativos específicos são requeridos ao paciente nas últimas semanas ou nos últimos seis meses de vida, no momento em que torna-se claro que o paciente encontra-se em estado progressivo de declínio. Todo o esforço é feito para que o mesmo permaneça autônomo, com preservação de seu autocuidado e próximo de seus entes queridos. Os cuidados ao fim de vida referem-se, em geral, aos últimos dias ou últimas 72 horas de vida.
O reconhecimento desta fase pode ser difícil mas é extremamente necessário para o planejamento do cuidado e preparo do paciente e sua família para perdas e óbito. Mesmo após o óbito do paciente, a equipe de cuidados paliativos deve dar atenção ao processo de morte: como ocorreu, qual o grau de conforto e que impactos trouxe aos familiares e à própria equipe interdisciplinar. A assistência familiar pós-morte pode e deve ser iniciada com intervenções preventivas.