Vacina da gripe – Benefícios e indicações

Artigo escrito por Rafael Bombein (CREF – 016866/SP) e editado pelo jornalista Fábio Busian (MTB 81800)

O Ministério da Saúde realizará a 25ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza no período de 10 de abril a 31 de maio de 2023.

A vacinação contra a influenza permite, ao longo do respectivo ano, minimizar a carga e prevenir o surgimento de complicações decorrentes da doença, reduzindo os sintomas nos grupos prioritários além de reduzir sobrecarga sobre os serviços de saúde.

Os sintomas podem ser confundidos com os da covid-19. Na campanha contra a influenza, são vacinadas crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias), gestantes, puérperas, povos indígenas, trabalhadores da saúde, idosos com 60 anos e mais, professores das escolas públicas e privadas, pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, pessoas com deficiência permanente, profissionais das forças de segurança e salvamento e das forças armadas, caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso, trabalhadores portuários, funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade.

A gripe é uma infecção das vias respiratórias provocada pelo vírus influenza, que provoca surtos praticamente todos os anos na época do inverno. Quanto mais frio é o inverno, mais comum costumam ser os surtos de gripe.

A gripe é uma doença benigna na imensa maioria dos casos, possuindo uma taxa de mortalidade abaixo de 1%. Porém, por ser altamente contagiosa, ela é capaz de infectar milhões de pessoas em relativamente pouco tempo, fazendo com que uma taxa próxima de 1% represente, em números absolutos, uma quantidade grande de vítimas. Por isso, a vacinação contra o vírus Influenza tornou-se uma importante medida de saúde pública nos últimos anos.

No Brasil e em Portugal, a vacina contra a gripe é feita com vírus morto. Ela contém apenas algumas proteínas específicas do vírus Influenza, chamadas de antígenos, que são capazes de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos.

O vírus Influenza é famoso pela sua elevada frequência de mutação, o que compromete a capacidade do sistema imunológico de criar anticorpos que sejam eficazes a longo prazo. Você pode ter uma gripe hoje e criar anticorpos altamente efetivos contra o vírus Influenza. O problema é que, nos próximos anos, há uma grande chance de o vírus circulante já ser diferente daquele que lhe contaminou. Os anticorpos que você criou já não serão efetivos, ou serão apenas parcialmente efetivos, contra a nova cepa mutante.

Existem várias cepas diferentes do vírus circulando ao redor do mundo; portanto, para uma vacina ser efetiva, ela precisa ser eficaz contra mais de um tipo de Influenza e precisa ser frequentemente atualizada, de forma a estar sempre ativa contra as mutações mais recentes; por isso, novas vacinas são produzidas anualmente visando cobrir as cepas do vírus Influenza que circularam mais recentemente.

Atualmente, a produção das vacinas leva, em média, seis meses a partir da seleção das cepas circulantes até o produto final disponível para distribuição. Como as campanhas de vacinação são feitas no outono, a vacina costuma ser elaborada nos meses anteriores, geralmente na primavera. Desta forma, excetuando-se casos de súbitas mutações de grande intensidade, raramente uma cepa coberta pela vacina não estará em circulação no ano de aplicação da vacina.

A escolha pelo outono deve-se pelo fato de o sistema imunológico precisar de cerca de um mês para desenvolver plenamente uma imunidade contra as cepas presentes na vacina. Como o pico de incidência da gripe ocorre no inverno, a população vacinada terá tempo suficiente para estar preparada contra o vírus. Porém, mesmo que você não consiga se vacinar no outono, não há problema nenhum em se vacinar no inverno.

É bom destacar que a vacina contra a gripe não contém todas as cepas conhecidas do Influenza, apenas aquelas que provavelmente estarão mais ativas no próximo inverno.

Qualquer pessoa com mais de 6 meses de idade pode receber a vacina contra a gripe. Porém, há certos grupos que devem receber prioridade nas campanhas de vacinação, pois são eles que apresentam maior risco de desenvolverem complicações.

No caso da gripe, o objetivo das campanhas de vacinação não é eliminar a circulação do vírus, mas sim reduzir a incidência de complicações e, consequentemente, o número de óbitos.

Por isso, o público-alvo destas campanhas são profissionais de saúde, indivíduos com mais de 60 anos, crianças entre seis meses e cinco anos, gestantes durante o período de surto de gripe, indígenas, presos, portadores de doenças crônicas e transplantados.

Se você não faz parte do grupo alvo das campanhas e ainda assim deseja se imunizar contra gripe, não há problema nenhum. A vacina praticamente não apresenta contraindicações. Procure o seu médico ou centro de saúde e informe-se.

A principal contraindicação à vacinação contra a gripe é para aqueles indivíduos que possuem alergia ao ovo; como o preparo da vacina utiliza ovos de galinha, as pessoas alérgicas podem desenvolver reações. Se você for alérgico a ovo, não tome a vacina da gripe sem orientação médica.

Também deve haver alguma precaução em relação às pessoas que já tiveram Síndrome de Guillain-Barré (SBG); o risco de desenvolvimento desta doença após a vacina da gripe é extremamente baixo, cerca de 1 caso a cada 1 milhão de doses; isso significa que o risco de se ter uma complicação da gripe é bem mais alto que o risco de desenvolver Guillain-Barré após a vacinação. Se você já teve SGB e faz parte do grupo de risco da gripe, converse com o seu médico sobre os riscos e benefícios da vacina.

Indivíduos com doenças febris agudas não devem tomar a vacina até estarem completamente recuperados.

As vacinas contra a gripe compostas por vírus mortos são geralmente bem toleradas, sendo o efeito colateral mais comum a dor e a inflamação no local da injeção. Nos estudos clínicos, os eventos adversos graves foram muito raros.

Outros efeitos adversos que podem ocorrer, mas são incomuns e geralmente de curta duração, incluem: dor de cabeça, febre, náuseas, tosse, irritação nos olhos e dor muscular.

Existem casos descritos de desmaios entre adolescentes, mas estes parecem estar mais ligados ao medo de agulha do que à vacina em si.

DÚVIDAS COMUNS NA VACINAÇÃO DA GRIPE

Não. A vacina é feita com fragmentos do vírus. Não há nenhuma possibilidade de alguém ficar gripado devido à vacinação.

Não, apesar de terem sintomas parecidos, a gripe e o resfriado são infecções diferentes, causados por vírus diferentes

Sim, a vacina cobre as principais cepas, mas não cobre todas. A taxa de sucesso é de cerca de 70 a 90%. Porém, a maioria das pessoas que refere ter ficado gripada mesmo tendo se vacinado, na verdade apresentam quadros de resfriado. Como a maioria da população não sabe distinguir uma gripe de um resfriado, essa confusão é frequente.

Sim, não só podem como devem.

Até pode, mas como o pico de eficácia da vacina ocorre nos primeiros 3 meses, o ideal é tomá-la logo antes do inverno, que é a época que os surtos de gripe costumam surgir. Tomar a vacina muito antes da época de surto pode fazer com que a sua eficácia não seja a pretendida.

Apenas parcialmente, pois as cepas selecionadas não são as mesmas. No ano de 2019, por exemplo, das 4 cepas escolhidas na vacina brasileira, somente 3 estavam presentes na vacina americana e europeia. Por outro lado, se a viagem for para outro país do hemisfério sul, a cobertura é total, pois a composição da vacina costuma ser a mesma.

Não, a vacina da gripe pode ser administrada no mesmo dia ou próxima de outras vacinas.

Pelo menos 2 semanas são necessárias para que os anticorpos induzidos pela vacina possam ser produzidos.

Sim, a vacinação precisa ser reforçada todos os anos. A vacina que você tomou em 2022 não vai lhe proteger tão bem durante o surto de gripe do inverno de 2023.

Precisar não precisa, pois o risco de complicações da gripe no seu caso é muito baixo. Porém, como a taxa de efeitos adversos da vacina é muito baixa, você estará mais seguro se for vacinado. Na avaliação entre prós e contras, os prós saem vencedores com larga vantagem.

Sim, eu mesmo. Por ser profissional de saúde, eu tomo a vacina contra gripe anualmente desde 2010, sem nunca ter tido qualquer problema. Eu não sou só eu, milhares de profissionais de saúde e pacientes em todo mundo são vacinados todos os anos contra a gripe no outono.

Para reduzir o edema e a inflamação, compressas frias nas primeiras 24 a 48 horas são úteis; se houver intensa vermelhidão, dor e edema no local após 48 horas, entre em contato com o seu médico.

Sim, não há problema algum administrar as duas vacinas ao mesmo tempo.

Sim, uma coisa não influencia na outra.

Não, a vacina contra gripe protege apenas contra gripe; já a vacina contra Covid-19 protege apenas contra Covid-19.