Acidente Vascular Cerebral – Sintomas e providências

Artigo escrito por Rafael Bombein (CREF – 016866/SP) 

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) registrou, de janeiro a junho deste ano, um aumento de 20,2% no número de casos por Acidente Vascular Cerebral (AVC) em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2023, foram 219,4 mil atendimentos ambulatoriais e internações, enquanto em 2022 foram 182,4 mil.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem (AVC isquêmico) ou se rompem (AVC hemorrágico), provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo. 

Diferença entre o AVC hemorrágico e o AVC isquêmico 

  • AVC hemorrágico

O AVC hemorrágico ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico.

  • AVC isquêmico

O AVC isquêmico (popularmente conhecido como derrame) ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). O AVC isquêmico é o mais comum e representa 85% de todos os casos.

As causas para a formação dos coágulos são múltiplas, mas existem fatores determinantes e que se sobressaem, como a obesidade, o tabagismo e o álcool. Esses três são passíveis de mudança, já que se trata de hábitos adquiridos; outros fatores são mais difíceis de controlar, tais como;

  • Pressão Alta; 
  • Colesterol Alto;
  • Sedentarismo;
  • Predisposição Genética (também está associada ao aumento do colesterol). 

O neurorradiologista, Dr. José Guilherme Caldas, diretor clínico do InRad (Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) destaca que a prevenção é a principal forma de evitar o AVC e, em segunda instância, saber como identificar quando a pessoa está sofrendo um AVC e necessita de tratamento. 

Como identificar um AVC

Segundo o Dr. José Guilherme, uma maneira simples de identificar quando alguém está sofrendo um AVC é lembrar da sigla SAMU, utilizada tanto no Brasil quanto fora dele, como sinal de emergência;

 Cada letra da sigla, portanto, sinaliza uma ação para verificar o que realmente está acontecendo e encaminhar para o tratamento médico.

  • S de sorriso (peça para a pessoa dar um sorriso para ver se ele está torto); 
  • A de abraço (a pessoa não consegue abraçar, pois seus movimentos ficam limitados); 
  • M de música (peça para que a pessoa soletre uma música, um parágrafo ou até um nome. Durante um AVC, não é possível falar corretamente); 
  • U de urgência (caso algum deles se concretize). 

O acidente vascular cerebral pode ser sutil ou importante, lembra o Dr. José Guilherme, por isso sua identificação precoce é vital. Outra informação lembrada por ele é a possibilidade de acontecer o AVC durante o sono, o que é chamado de Wake-up Stroke; nesse caso a pessoa acorda com algum dos sintomas citados acima. Este representa um problema para os médicos, já que não é possível identificar o momento de início, o que é crucial para o atendimento nesses casos. 

Alguns sinais que o corpo pode apresentar em um Acidente Vascular Cerebral

  • Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
  • Confusão mental;
  • Alteração da fala ou compreensão;
  • Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
  • Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
  • Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente. 

O Dr. Guilherme lembra que “a urgência é muito importante porque no cérebro, depois que morre uma parte considerável dele, não é possível fazer nenhum tratamento, porque é você colocar o sangue de novo em pressão dentro do cérebro. Tem como se fosse uma ruptura dos vasos, eles não aguentam, eles estão já mortos, com necrose”. A tecnologia evoluiu tanto que agora é possível saber se vale a pena tratar o paciente, já que, em alguns casos, a perda é grande e irreversível. 

Estresse e AVC 

O neurorradiologista diz que o estresse está diretamente ligado às consequências que podem levar ao AVC. Esse fator está dentro do âmbito da proteção, já que produz hormônios que podem levar a uma piora no quadro da hipertensão ou ao desenvolvimento dela. A questão é tentar evitar, controlar ou eliminar o estresse, já que é uma combinação de fatores que não fazem bem. Isso, porém, é de preocupação individual e está relacionado à atividade diária de cada um. 

Para isso, ter exames em dia e estar atento aos casos de AVC na família são imprescindíveis para que o problema seja evitado. 

IMPORTANTE!

Em caso de sintomas, é fundamental ligar para;

  • Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU – 192);
  • Bombeiros (193) ou levar a pessoa imediatamente a um hospital para avaliação clínica detalhada. 

Quanto mais rápido for o atendimento, maiores serão as chances de sobrevivência e recuperação total.


Para Saber Mais

Ouça a entrevista, completa, do Dr. José Guilherme Caldas, sobre AVC, cedida ao jornal da Universidade de São Paulo (USP) no dia 31 de outubro de 2022, 


Referencias
https://portaldenoticias.saude.sp.gov.br/secretaria-da-saude-registra-aumento-de-20-nos-casos-de-avc-e-alerta-para-doencas-agravadas-pelo-frio/
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/t/trombose
https://jornal.usp.br/radio-usp/acidente-vascular-cerebral-ainda-representa-maior-parte-das-mortes-no-pais/