A doença da dor sem causa – Fibromialgia

Instituto Arlindo Gusmão de Fontes (IAGF) – Rafael Bombein (CREF 016866/SP) – 12/05/2024

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A fibromialgia é um dos problemas mais dolorosos de que se tem notícia. E, embora não seja tão comum — afeta “apenas” 2,5% da população mundial —, causa um grande prejuízo para a qualidade de vida desses indivíduos. 

“A fibromialgia é uma síndrome porque não tem uma causa específica dessa dor e como ela se baseia apenas em avaliação de sintomas, é uma síndrome e não é considerada uma doença como outras”, explica Dra. Amélia Pasqual Marques, professora do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP.

Algumas hipóteses, no entanto, são consideradas no meio médico: “Hoje, o que se apresenta de maior entendimento é que vários fatores contribuem para o seu aparecimento e perpetuação, cuja ênfase é dada a um distúrbio da regulação da dor em nível central, onde o sistema nervoso central (SNC) encontra-se alterado na sensibilização central, pelas mudanças do estado de restauração da conectividade funcional cerebral, pelas alterações da fase alfa do sono, pela disfunção do sistema nervoso, entre outros”, diz Dra. Amélia.  

Outros agravantes para essas dores envolvem questões psicológicas: “As dores ocorrem após um evento traumático importante na vida dessas pessoas — um luto, uma ruptura afetiva, fracasso sentimental ou profissional, violência, em especial a doméstica, o que pode levar ao surgimento das queixas somáticas”.

De modo geral, a fibromialgia é um problema de saúde caracterizado, principalmente, pela presença de dor. Os músculos estão entre as estruturas mais afetadas pelo desconforto, mas as articulações e outras regiões do corpo também podem sofrer com isso.

A fibromialgia é observada principalmente em adultos do sexo feminino, entre 30 e 50 anos, mas também pode acometer crianças entre 9 e 15 anos, resultando em uma prevalência de 0,2% a 6,6% da população mundial. 

PRINCIPAIS SINTOMAS DE FIBROMIALGIA

O principal sintoma da fibromialgia é a dor no corpo. Ela é generalizada, ou seja, afeta o corpo inteiro de maneira quase que uniforme. No entanto, algumas pessoas podem relatar uma maior incidência de desconforto em uma determinada região.

Mas isso não é tudo! Outros sintomas frequentes desse problema são:

  • Cansaço;
  • Dificuldade para dormir;
  • Sono não reparador — ou seja, a pessoa acorda cansada, como se não tivesse dormido o suficiente;
  • Alterações na memória e no humor;
  • Problemas cognitivos — como é o caso do “nevoeiro mental”, no qual a pessoa fica aérea e não consegue se concentrar;
  • Dores de cabeça;
  • Problemas gastrointestinais.

Além de tudo isso, as pessoas com fibromialgia têm uma tendência maior a desenvolver problemas de cunho psicológico e emocional, como é o caso da depressão e da ansiedade. Assim, cuidados de saúde mental também fazem parte do tratamento desse público.

Infelizmente, ainda não há uma cura definitiva para a fibromialgia. No entanto, há bons tratamentos, que visam controlar as crises e fazer com que os pacientes vivam sem o desconforto da dor constante, tais como:

  • Uso de medicamentos

O primeiro curso de tratamento é o uso de remédios que ajudam não só no controle da dor, mas na redução da inflamação e dos sintomas emocionais.

Sendo assim, analgésicos, anti-inflamatórios e antidepressivos estão entre as classes de fármacos utilizados.

  • Realização de atividades físicas

A prática de atividades físicas é algo indispensável para o tratamento desse problema. Você pode escolher qualquer tipo de exercício, mas os aeróbicos (caminhada, natação, bicicleta etc.) são os mais recomendados.

No entanto, nada impede que você também faça treinos de força ou invista em qualquer outra atividade que julgar adequada.

  • Controle da saúde mental

A saúde mental também é um importante componente do tratamento, já que o estresse pode servir de gatilho para novas crises. Sendo assim, fazer o acompanhamento com psicólogo pode ser uma estratégia interessante para prevenir esse problema.

  • Uso de terapias alternativas 

Por fim, o uso de terapias alternativas também tem se mostrado promissor. Algumas pessoas, por exemplo, se beneficiam com sessões regulares de acupuntura.

O uso da Cannabis medicinal também é uma tendência que demonstra bons resultados para os pacientes.

DIAGNÓSTICO DE FIBROMIALGIA

A fibromialgia não é um problema que pode ser comprovado por exames. Por ser uma questão de “sensações”, não há um teste que pode diagnosticá-lo de forma direta.

Sendo assim, a abordagem de diagnóstico é feita por meio da exclusão, com o médico eliminando as possíveis causas que podem trazer os mesmos sintomas.

Conviver com as crises de fibromialgia não é nada fácil. Os pacientes que lidam com esse problema merecem um bom acompanhamento, o qual possibilitará que suas doses de medicamentos sempre sejam ajustadas, assim como a realização de outras intervenções.

Além disso, é importante focar no suporte de uma equipe composta por profissionais variados. Médicos neurologistas, reumatologistas, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e profissionais de educação física que devem trabalhar em parceria, analisando o caso de forma individual e elaborando as melhores estratégias para cada paciente.

Referencias

https://vidasaudavel.einstein.br/fibromialgia/ 

https://jornal.usp.br/radio-usp/fibromialgia-tambem-acomete-criancas-e-prejudica-atividades-comuns-da-infancia/


Para saber mais

Vídeo – Saiba mais sobre Fibromialgia; Sociedade Brasileira de Reumatologia; 18 de set. de 2019; 


Texto – Atividade física e seus benefícios; Instituto Arlindo Gusmão de Fontes, IAGF; 

https://institutoagf.com.br/atividade-fisica-e-seus-beneficios