André Domingues de Lima –  Fuzil

Criado no sindicalismo, forjado na estiva e fortalecido no Asseio e Limpeza Urbana. Fuzil é a liderança sindical da Baixada Santista

Santos é um uma cidade referência em desenvolvimento e que abriga o maior porto da América Latina. Sua posição geográfica favorece o escoamento de produção da maioria dos produtos exportados pelo Brasil, concentrando em sua área de influência econômica aproximadamente 67% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, abrangendo principalmente os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Nesse contexto de força e representatividade, o setor de serviços na Baixada Santista acabou crescendo e se fortalecendo, tornando-se uma atividade chave na região. E é nessa convergência entre a atividade portuária e o setor de serviços que nasce uma liderança sindical, André Domingues de Lima, mais conhecido como Fuzil. E parece que o apelido de infância, de uma arma de combate militar, caiu bem para esse combatente.

Mas, para a gente te explicar melhor sobre isso, precisamos entender a criação de Fuzil. Nascido em 1973, filho de Alberico Rodrigues (mais conhecido como Azambuja), ex-presidente do Sindicato dos Operários e Trabalhadores Portuários em Geral nas Administrações dos Portos e Terminais Privativos e Retroportos do Estado de São Paulo (Sintraport), Fuzil cresceu dentro do sindicalismo, numa região de muita tensão sindical.

Meu pai foi dirigente e eu o acompanhava sempre. Foi daí que entendi a importância da luta por direitos e as dificuldades do sindicato. A região portuária abriga milhares de categorias e a atividade exige demais das pessoas. Por isso, o sindicalismo ali é essencial“, conta

Roberto Santiago – Presidente da FEMACO e Fuzil

No final dos anos 1990, a vida de Fuzil iria mudar e o sindicalismo novamente bateria em sua porta, mas em outra categoria. “Minha família apoiou a candidatura a Deputado Federal do nosso líder Roberto Santiago [presidente da FEMACO] em 1999, por termos bastante conhecimento na região de Santos. E foi daí que nos conhecemos e que me familiarizei com a categoria da Limpeza, Asseio e Conservação”.

Em 2000, destacando-se pelo perfil sindical, Fuzil foi trabalhar como assessor de base no SIEMACO Baixada Santista, que representa cerca de 20 mil trabalhadores e trabalhadoras da Limpeza Urbana, Asseio e Conservação, Áreas Verdes e Controle de Pragas nas seis cidades da Região Metropolitana (Santos, Praia Grande, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Bertioga). Após uma passagem de três anos pelo sindicato, foi trabalhar na Prefeitura Municipal de Santos. Seu trabalho na administração pública começou a aparecer e Roberto Santiago então o convidou, em 2012, para participar das eleições do SIEMACO, como candidato a presidente. Eleito, Fuzil então se torna uma das maiores lideranças sindicais do litoral paulista. E percebeu que o desafio estava só começando.

“A luta não é só com as empresas, para que respeitem a convenção coletiva e deem reajustes decentes para a categoria, ainda temos a questão da representatividade, que a todo momento é invadida por sindicatos sem ligação com a Limpeza. No Porto de Santos, empresas de engenharia acham que tem que representar limpeza. No Asseio, portaria e controladores de acesso, mesma coisa. Empresas que querem ficar no Sindeepres, pois o salário base é mais baixo, tentar burlar a lei. A gente não deixa, vamos pra cima e não aceitamos!”.

Um dos primeiros sindicatos a conseguir vacinação

Na pandemia, o trabalho do SIEMACO Baixada Santista também teve destaque. Assim que a vacinação começou, Fuzil entendeu que a Limpeza Urbana e o Asseio estavam expostos e precisavam de prioridade, para poderem exercer seus trabalhos com segurança.

“Resistiram, tentaram tirar nossa prioridade. Ameaçamos fazer um protesto sanitário, cobramos das prefeituras e do Governo do Estado de São Paulo. Foi quando conquistamos a prioridade para todos”. Em junho de 2021, todos os trabalhadores e trabalhadoras representados pelo SIEMACO Baixada Santista foram vacinados.

Outra luta marcante de Fuzil foi pelo fim do banco de horas. “Trabalhou, teve hora extra, tem que receber. As empresas ficavam fazendo banco de horas, explorando nossa categoria e colocando para pagar com férias e dia de descanso. Inaceitável que pessoas trabalhem e sejam remuneradas com horas a mais de descanso. Essa foi uma conquista importante para a Limpeza Urbana da Baixada Santista”.

Para o dirigente sindical, dar visibilidade e força para essas categorias é essencial. “Temos categorias muito carentes, que tem muitas dificuldades que a gente vê no dia a dia. Um aumento decente, representatividade, visibilidade… É por isso que lutamos. Tem muito preconceito na Baixada, até margarida já foi proibida de usar banheiro em padaria e fomos cobrar mais respeito do dono do estabelecimento. Não aceito que desrespeitem nossa categoria”, finaliza.

“Um aumento decente, representatividade, visibilidade. Não aceito que desrespeitem nossa categoria, é por isso que lutamos!”

Fuzil

“Um aumento decente, representatividade, visibilidade. Não aceito que desrespeitem nossa categoria, é por isso que lutamos!”

Fuzil

Redação e edição pelo jornalista Fábio Busian – MTB 81800