Paulo Roberto Santana Dias – Presidente do Siemaco Itanhaém

Mangas arregaçadas, trabalho de base raiz e 50% de trabalhadores filiados: a saga de Paulo Roberto, o Ursinho, que transformou o SIEMACO Itanhaém.

O sindicalismo é o celeiro de lideranças que nasceram para defender os direitos da classe trabalhadora. A luta social não se aprende na escola, mas nas observações de mundo e nas experiências de cada um. E para Paulo Roberto Santana Dias, o Ursinho, não foi diferente.

O dirigente, que desde 2003 ocupa a Presidência do SIEMACO Itanhaém, cidade da Baixada Santista do estado de São Paulo, tem uma história parecida com a de muitos sindicalistas: viu no esporte uma porta de acesso ao mundo do trabalho. “Eu sempre joguei bola, fui de vários times, desde o juvenil até o profissional, como o  Rio Branco de Paranaguá, União de Mogi da Cruzes, Angatuba etc.”. Coincidentemente, outro dirigente teve o mesmo caminho, o presidente do SIEMACO São Paulo, André Santos Filho. Mas vamos guardar essa história, que eles se encontram mais tarde.

Falando em futebol, para quem sempre teve curiosidade, foi desse esporte que veio o apelido de Paulo Roberto. Mas a história é tão interessante, que deixamos ele próprio contar. “Eu era juvenil, fui jogar no Palmeiras, chegava mais cedo que todo mundo. Aí encostava no vestiário e tirava cochilo até o pessoal chegar. Tinha um jogador, Edu Bala, que ia pro nosso vestiário fazer uma resenha conosco. Ele dizia que eu dormia demais, parecia o Zé Colmeia. Parecia um ursinho. E aí ficou até hoje”. 

E foi do futebol que vieram os primeiros empregos, jogando pelas equipes das empresas, foi para os bancos ITAÚ e Safra trabalhar, além de uma passagem pela SABESP. Mas a vida do jovem Paulo mudou em 1988, aos 33 anos, quando o SIEMACO São Paulo estava montando um time forte e o chamou para compor a equipe do sindicato. “A gente tinha um time e eu conheci os irmãos Omar e Omero, que me ofereceram pra entrar e trabalhar no sindicato. Foram quase 20 anos no SIEMACO São Paulo”. 

Em suas duas décadas pelo SIEMACO-SP, Ursinho passou pela pela assessoria de base, sendo também encarregado do setor. E lembram da coincidência da história do futebol e sindicalismo com André Santos? O destino ainda cruzou os dois caminhos, como uma rota parecida até a Presidência. “Fui encarregado do André no SIEMACO e de muitos que hoje estão na liderança sindical”. 

Da assessoria, foi trabalhar no departamento Jurídico do sindicato. “Fui bem recebido pelos advogados, Dr. Jorge Fernandes e Norio Ota, sendo eles os responsáveis por me ensinar a fazer todo atendimento na parte jurídica: súmula de reclamação trabalhista, cálculos trabalhistas, apoio à assessoria, contato com jurídico das empresas e outras obrigações técnicas”. E ficou lá até o início de 2003, quando o presidente da FEMACO, Roberto Santiago, o chamou para trabalhar na federação. No mesmo ano, com o trabalho bem desenvolvido e reconhecido, Ursinho foi convocado para o seu maior desafio: em novembro, Santiago lhe ofereceu a Presidência do SIEMACO Itanhaém.

“O SIEMACO Itanhaém estava fechado, paralisado. E aceitei o desafio, fui ajudar meus companheiros da região. A família SIEMACO Itanhaém me fez bem, me fez crescer e ser mais reconhecido, dando continuidade ao trabalho que aprendi em São Paulo. Mas todo conhecimento que tenho eu devo ao Moacyr e Roberto, que foram primordiais para que eu pudesse assumir esse cargo”. 

Hoje, o SIEMACO Itanhaém representa em torno de 2.200 trabalhadores e trabalhadoras, representando 15 cidades (Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Cananéia, Registro, Juquitiba, Juquiá, Miracatu, Eldorado, Iguape, Itariri, Jacupiranga, Cajati, Pariquera-Açu e Sete Barras), com  a impressionante marca de  50% da categoria filiada. “Trabalho de base forte, que eu faço pessoalmente. Eu que vou pras ruas. Me considero um trabalhador que tem uma responsabilidade a mais. Quem vai pra rua, acorda às 4h da manhã e volta 18h sou eu. Eu que vou nas 15 cidades, tem dias que rodamos 400 quilômetros, quase chegamos no Paraná. Mas fazemos com muito amor e orgulho em representar essas categorias”. 

Ursinho diz que o grande divisor de águas foi a entrada do Instituto Arlindo Gusmão de Fontes (IAGF), com a assistência ambulatorial médica e odontológica, além de outros recursos de apoio aos sindicatos do Asseio. “Graças ao apoio do IAGF, hoje regularizamos todas as pendências do sindicato e oferecemos essa assistência de saúde, que mudou a vida da categoria para melhor. Nossa região é muito carente e termos médicos e dentistas gratuitos deram outra perspectiva para a população”. 

Com esse apoio, o SIEMACO Itanhaém ainda conseguiu realizar o primeiro festival de prêmios para os trabalhadores da região. “Nossa categoria tem outra realidade. Essa união sindical, com apoio do IAGF e da FEMACO, transformou nossa representatividade e facilitou nossa vida. A categoria nunca esteve tão representada como agora”.

“A família SIEMACO Itanhaém me fez bem, me fez crescer e ser mais reconhecido, dando continuidade ao trabalho que aprendi em São Paulo.”

Paulo Roberto

“A família SIEMACO Itanhaém me fez bem, me fez crescer e ser mais reconhecido, dando continuidade ao trabalho que aprendi em São Paulo.”

Paulo Roberto

Redação e edição pelo jornalista Fábio Busian – MTB 81800