Saiba mais sobre a Febre Amarela

Instituto Arlindo Gusmão de Fontes (IAGF) – Rafael Bombein (CREF 016866/SP) – 31/03/2024

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A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível (doença que pode ser evitada ao aplicar a vacina), de evolução abrupta e gravidade variável, com elevada letalidade nas suas formas graves. A doença é causada por um vírus transmitido por mosquitos, e possui dois ciclos de transmissão (urbano e silvestre).  No ciclo urbano, a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Ae. aegypti) infectados. No ciclo silvestre, os transmissores são mosquitos com hábitos predominantemente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes.

No ciclo silvestre, os primatas não humanos (PNHs) são considerados os principais hospedeiros, amplificadores do vírus, e são vítimas da doença assim como o ser humano, que, nesse ciclo, apresenta-se como hospedeiro acidental.

É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo evento suspeito (tanto morte de primatas não-humanos, quanto casos humanos com sintomatologia compatível) deve ser prontamente comunicado/notificado, em até 24 horas após a suspeita inicial, às autoridades locais competentes pela via mais rápida (telefone, email, etc). Às autoridades estaduais de saúde cabe notificar os eventos de febre amarela suspeitos ao Ministério da Saúde. 

ATENÇÃO!

No Brasil o ciclo da doença atualmente é silvestre, com transmissão por meio dos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Os últimos casos de febre amarela urbana foram registrados no Brasil em 1942 e todos os casos confirmados desde então decorrem do ciclo silvestre de transmissão.

COMPLICAÇÕES

Em casos graves, a pessoa infectada por febre amarela pode desenvolver alguns sintomas, como:

  • Febre alta;
  • Icterícia;
  • Hemorragia;
  • Eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos.

ATENÇÃO!

Cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem febre amarela grave podem morrer. Assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas, é fundamental buscar ajuda médica imediata.

TRATAMENTO

O tratamento da febre amarela é apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hospitalização deve permanecer em repouso. Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para reduzir as complicações e o risco de óbito. Medicamentos solicitados devem ser evitados (AAS/ Aspirina), já que o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas.

TRANSMISSÃO

Não há transmissão de pessoa a pessoa. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados. Apenas as fêmeas transmitem o vírus, pois o repasto sanguíneo provê nutrientes essenciais para a maturação dos ovos e, consequentemente, a completude do ciclo gonotrófico. Nos mosquitos, a transmissão também ocorre de forma vertical, na qual as fêmeas podem transferir o vírus para a sua prole, favorecendo a manutenção do vírus na natureza.

A série histórica da doença no Brasil tem demonstrado maior frequência de ocorrência de casos humanos nos meses de dezembro e maio, como um padrão sazonal. Esse fato ocorre principalmente no verão, quando a temperatura média aumenta na estação das chuvas, favorecendo a reprodução e proliferação de mosquitos (vetores) e, por consequência o potencial de circulação do vírus.

Os vetores silvestres têm hábito diurno, realizando o repasto sanguíneo durante as horas mais quentes do dia, sendo os vetores dos gêneros Haemagogus e Sabethes, geralmente, mais ativos entre as 9h e 16h da tarde.

Há dois diferentes ciclos epidemiológicos de transmissão:

  • Silvestre;
  • Urbano.

Apesar desses ciclos diferentes, a febre amarela tem as mesmas características sob o ponto de vista etiológico, clínico, imunológico e fisiopatológico.

No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não-humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata quando não vacinado.

No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados.

A pessoa apresenta os sintomas iniciais da febre amarela de 3 a 6 dias após ter sido infectada.

ATENÇÃO!

No Brasil o ciclo da doença atualmente é silvestre, com transmissão por meio dos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Os últimos casos de febre amarela urbana foram registrados no Brasil em 1942 e todos os casos confirmados desde então decorrem do ciclo silvestre de transmissão.

SINTOMAS

Os sintomas iniciais da febre amarela são:

  • Início súbito de febre;
  • Calafrios;
  • Dor de cabeça intensa;
  • Dores nas costas;
  • Dores no corpo em geral;
  • Náuseas e vômitos;
  • Fadiga; e
  • Fraqueza.

A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença.

Depois de identificar alguns desses sintomas, procure um médico na unidade de saúde mais próxima e informe sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas, e se você observou mortandade de macacos próximo aos lugares que você visitou, assim como picadas de mosquito. Informe, ainda, se você tomou a vacina contra a febre amarela, e a data.

Se você identificar macacos mortos na região onde vive ou está, informe imediatamente as autoridades sanitárias do município ou estado, de preferência, diretamente para a vigilância ou controle de zoonoses.

A população também pode registrar a morte ou adoecimento de primatas não-humanos no SISS-Geo. O aplicativo possibilita a notificação simultânea e em tempo real para todas as instâncias administrativas do SUS (municipal, regional, estadual e federal), com localização precisa e em tempo oportuno.

ATENÇÃO!

Os macacos não transmitem a febre amarela! Eles são importantes sentinelas para alerta em regiões onde o vírus está circulando. Macacos mortos são analisados em exames específicos para detectar se a causa morte foi Febre Amarela, o que aciona o alerta de cuidado com as pessoas.

VACINA

A vacina é a principal ferramenta de prevenção da febre amarela. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferta vacina contra febre amarela para toda população. Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A vacina, que é administrada via subcutânea, está disponível durante todo o ano nas unidades de saúde e deve ser administrada pelo menos 10 dias antes do deslocamento para áreas de risco, principalmente, para os indivíduos que são vacinados pela primeira vez. A vacinação para febre amarela é ofertada na rotina em todos os municípios do país.

EVENTOS PÓS-VACINAÇÃO

Os eventos adversos são possíveis reações após a vacinação da febre amarela. Os mais comuns relatados segundo estudos são: reações de hipersensibilidade, e as manifestações da própria doença com o desenvolvimento dos sinais e sintomas observados. A ocorrência de morte em até 30 dias após a vacinação deve ser investigada para confirmação se foi ou não relacionada ao uso da vacina.

Todo evento adverso deve ser investigado e tratado da mesma forma que os casos suspeitos de Febre Amarela. Se qualquer pessoa vacinada desenvolver os sinais e sintomas comuns para doença em até 15 dias após a vacinação, deve rapidamente procurar o serviço de saúde mais próximo para atendimento. 

NÃO DEVE SE VACINAR

  • Crianças menores de 9 meses de idade.
  • Mulheres amamentando crianças menores de 6 meses de idade.
  • Pessoas com alergia grave ao ovo.
  • Pessoas que vivem com HIV e que tem contagem de células CD4 menor que 350.
  • Pessoas de tratamento com quimioterapia/ radioterapia.
  • Pessoas portadoras de doenças autoimunes.
  • Pessoas submetidas a tratamento com imunossupressores (que diminuem a defesa do corpo)

ATENÇÃO!

Acesse aqui o Calendário Nacional de Vacinação

https://www.gov.br/saude/pt-br/vacinacao/calendario


Referencias

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/febre-amarela


Para saber mais 

Texto – Para mais detalhes sobre eventos pós-vacinação;

https://www.gov.br/saude/pt-br/vacinacao/esavi

Texto Lista de municípios brasileiros com recomendação de vacina:

http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/ACRV-FA.pdf

Texto Acesso aos Boletins Epidemiológicos:

http://www.saude.sp.gov.br/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica-prof.-alexandre-vranjac/areas-de-vigilancia/doencas-de-transmissao-por-vetores-e-zoonoses/agravos/febre-amarela/boletim-epidemiologico

Vídeo – Informações importantes sobre a vacina da febre amarela em crianças; Conteúdo elaborado por Dra. Ana Escobar; 8 de abr. de 2021. 

Vídeo – Como podemos nos proteger da Febre Amarela; Conteúdo elaborado por Dra. Ana Escobar; 1 de fev. de 2018.