Saiba mais sobre Pneumonia

Instituto Arlindo Gusmão de Fontes (IAGF) – Rafael Bombein (CREF 016866/SP) – 28/01/2024

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) registra, anualmente, mais de 600 mil internações por Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) e Influenza.

De acordo com o Ministério da Saúde, houve 44.523 mortes por pneumonia de janeiro a agosto de 2022. No mesmo período do ano passado foram 31.027 óbitos.

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) chama a atenção, ainda, para o fato de que a necessidade do cuidado com a pneumonia é maior nos extremos de idade (idosos e crianças) e para quem tem o sistema imunológico mais comprometido.

Dados de 2019 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) mostram que uma criança morre de pneumonia a cada 43 segundos. O Unicef previu uma explosão de mortes de crianças se não forem tomadas medidas urgentes para que essa população seja alcançada pelos serviços de saúde, inclusive com oxigênio e antibióticos.

Idosos expostos à poluição do ar – mais significativamente pela queima de combustíveis fósseis – e ao tabagismo também estão em risco. Quase metade das 1,6 milhão mortes estimadas por pneumonia entre adultos com mais de 50 anos são atribuíveis a esses fatores.

Pneumonia é o termo utilizado para descrever a ocorrência de infecção em um ou ambos os pulmões. Existem mais de 100 tipos de micróbios que podem provocar um quadro de pneumonia, incluindo bactérias, vírus, fungos e parasitos. A maioria dos casos, porém, é causada por apenas 4 ou 5 tipos de bactérias ou vírus.

Os sintomas da pneumonia podem ser muito diferentes entre os indivíduos, variando conforme a idade, estado de saúde ou com o agente infeccioso; mesmo aqueles sintomas mais típicos, tais como tosse e febre, podem ter apresentações bem distintas, devido as características clínicas da pessoa doente. 

COMO SE PEGA PNEUMONIA

A pneumonia pode ser causada por: bactérias, vírus, fungos e parasitos; a maioria das pneumonias são de origem bacteriana. 

Na grande maioria dos casos, a pneumonia não é uma doença contagiosa como a gripe ou tuberculose (que pode até ser considerada um tipo de pneumonia). Você pode entrar em contato com um indivíduo com pneumonia, que, exceto em situações especiais, não haverá risco de contaminação.

COMO OCORRE A PNEUMONIA

Nossos pulmões são órgãos expostos constantemente a micróbios do ar e da nossa própria flora bacteriana da boca. Nós não ficamos doentes o tempo todo porque o pulmão tem seus próprios mecanismos de defesa, que o mantém livre de germes. Entre estes mecanismos podemos citar o reflexo de tosse, a presença de células do sistema imunológico ao longo de todo trato respiratório e a existência de microscópicos cílios na árvore brônquica (região do Pulmão) que “varrem” os agentes invasores para fora das vias respiratórias.

O desenvolvimento da pneumonia depende da virulência (grau de patogenicidade de um agente infeccioso, que se expressa pela gravidade da doença) do invasor, da quantidade de micróbios que conseguem chegar aos pulmões e das condições imunológicas do paciente. Em geral, uma pneumonia surge quando um germe agressivo consegue penetrar o trato respiratório e encontra o sistema de defesa comprometido.

Situações que podem reduzir as defesas do sistema respiratório. Por exemplo: pacientes que fumam apresentam uma irritação constante de toda árvore brônquica e disfunção dos cílios protetores. As células de defesa pulmonar também são afetadas pelo cigarro e não funcionam tão bem. Tudo isso favorece o aparecimento de infecções respiratórias.

FATORES DE RISCO

Os principais fatores de risco para pneumonia são:

  • Idade maior que 65 anos.
  • Infecções respiratórias virais, como por exemplo a gripe
  • Tabagismo.
  • Doenças imunossupressoras (HIV, transplante, câncer).
  • Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (bronquite crônica e enfisema pulmonar).
  • Usuários de drogas.
  • Doentes acamados.
  • Pessoas com redução do nível de consciência.
  • Hospitalizações prolongadas.
  • Pacientes em ventilação mecânica (em uso de respirador artificial).
  • Pacientes com outra doença pulmonar prévia (sequelas de tuberculose, bronquiectasias, fibrose cística etc.).

SINTOMAS

Os sinais e sintomas da pneumonia incluem:

  • Tosse com expectoração, que pode ser sanguinolenta (com sangue) ou purulenta (Fluido espesso causado por infecção, podendo ter tons de branco, amarelo, rosa ou verde); 
  • Febre (geralmente acima de 38,5ªC);
  • Calafrios;
  • Falta de ar;
  • Dor no peito quando se respira fundo;
  • Vômitos;
  • Perda de apetite;
  • Prostração;
  • Dores pelo corpo.

É muito comum a pneumonia surgir como complicação de uma gripe. Muitas vezes o paciente acaba atribuindo seus sintomas de pneumonia à gripe, demorando a procurar ajuda médica. É preciso ter atenção a quadros de gripe que não melhoram, ou até pioram progressivamente, principalmente se o paciente for idoso.

Pacientes acima de 60 anos ou com outras doenças, como insuficiência renal, insuficiência cardíaca, cirrose, HIV ou uso de drogas imunossupressoras, podem apresentar um quadro mais discreto, com pouca tosse e nenhuma febre. Às vezes, a pneumonia neste grupo se apresenta apenas com prostração e alterações mentais, como desorientação e confusão mental.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da pneumonia é feito normalmente com exame físico e uma radiografia de tórax. Análises de sangue podem ajudar, mas não são imprescindíveis; a radiografia, por ser um exame barato e amplamente disponível, é normalmente solicitada para confirmação do diagnóstico. 

Nos pacientes mais graves, que necessitam de hospitalização, normalmente tentamos identificar qual é a bactéria responsável pela pneumonia. Podemos pesquisar a bactéria no sangue (através da hemocultura) ou no próprio escarro do paciente. Em casos selecionados pode ser necessária a coleta de secreções diretamente do pulmão, através da broncoscopia.

TRATAMENTO

As pneumonias são divididas entre aquelas adquiridas no dia a dia, e aquelas adquiridas pacientes hospitalizados. A pneumonia hospitalar é mais grave e mais difícil de tratar, pois é normalmente causada por bactérias mais resistentes e acomete pacientes mais fragilizados.

O tratamento das pneumonias bacterianas é feito com antibióticos por no mínimo oito dias. As pneumonias comunitárias podem ser tratadas com antibióticos orais, porém, aquelas que evoluem mal necessitam de internação hospitalar e antibióticos venosos.

Pneumonias podem facilmente levar à sepse (ocorre quando substâncias químicas liberadas na corrente sanguínea para combater uma infecção desencadeiam uma inflamação em todo o corpo) e costumam ser importante causas de morte em idosos e pacientes imunossuprimidos.

Já existe vacina contra a pneumonia estreptocócica, causada pelo Streptococcus pneumoniae, o tipo mais comum. Ela está indicada em crianças e pessoas acima dos 50 anos, mas não evita pneumonias causadas por outros germes.

DIFERENÇAS ENTRE PNEUMONIA E TUBERCULOSE

A diferença entre pneumonia e tuberculose está no tempo de evolução da doença; a pneumonia é um quadro agudo que evolui em horas. O paciente fica mal com pouco tempo de doença, procurando atendimento médico já nas primeiras 72 horas de doença, já a tuberculose se apresenta como um quadro mais arrastado, com os sintomas piorando gradativamente, nesse caso o indivíduo só procura atendimento médico várias semanas depois do início dos sintomas.

PREVENÇÃO

A pneumonia muitas vezes pode ser prevenida e, geralmente, pode ser tratada. O risco pode ser reduzido com vacinas e outras práticas de vida saudável:

  • Manter as mãos limpas;
  • Evitar aglomerações;
  • Não fumar e não beber exageradamente;
  • Observar as instruções do fabricante para a manutenção do ar-condicionado em condições adequadas;
  • Não se expor a mudanças bruscas de temperatura;
  • Procurar atendimento médico para diagnóstico precoce de pneumonia, para diminuir a probabilidade de complicações.

As vacinas são a principal forma de prevenção e controle da doença. São seguras e gratuitas, disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e ajudam a prevenir a infecção por algumas das bactérias e vírus que podem causar pneumonia, sendo fundamental seguir as recomendações do Calendário Nacional de Vacinação;

Para acessar o calendário de vacinação clique aqui;

https://www.gov.br/saude/pt-br/vacinacao/calendario

FRIO E A PNEUMONIA

No frio o sistema de defesa, funcionam de modo mais lentificado, o que favorece a invasão de germes; além disso no inverno as pessoas tendem a se aglomerar em locais fechados, favorecendo a transmissão de vírus, como o da gripe; não há risco em se pegar pneumonia ao abrir a geladeira com o corpo molhado ou porque pegou uma chuva saindo do trabalho ou do colégio. 


Referencias

https://bvsms.saude.gov.br/12-11-dia-mundial-da-pneumonia-3/

Diagnosis and Treatment of Adults with Community-acquired Pneumonia. An Official Clinical Practice Guideline of the American Thoracic Society and Infectious Diseases Society of America – American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine.

https://www.mdsaude.com/pneumologia/pneumonia/

https://bvsms.saude.gov.br/12-11-dia-mundial-da-pneumonia-4/


Para Saber mais

Vídeo – Atualização em Pneumonia – A pneumonia é a doença infecciosa aguda de maior impacto médico-social quanto à morbidade e a custos relacionados ao tratamento; para falar sobre as tendências e atualizações nesta área, segue o vídeo do médico pneumologista, Dr. Philippe Colares; Escola de Educação Permanente do HCFMUSP, 05/04/2023.