Sal de cozinha: um simples tempero pode ser o vilão da sua casa
Você tem ideia a quantidade de sal que consome diariamente? Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (PNS/IBGE), o consumo de sal do brasileiro excede em quase duas vezes o limite máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é cinco gramas por dia. A média nacional é de 9,3 gramas. Apesar disso, apenas 12% dos brasileiros adultos têm a consciência da alta ingestão de sal na alimentação diária.
E essa falta de consciência é um perigo para a saúde. O consumo excessivo do sal está relacionado ao aumento do risco de doenças crônicas, como hipertensão arterial, doenças ligadas ao coração e aos rins, dentre outros problemas silenciosos que podem matar — graças principalmente ao sódio, substância abundante na fórmula do sal, uma das principais causas de internações e óbitos no Brasil e no mundo.
Para Eduardo Nilson, coordenador-geral substituto de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, o sal é o principal fator de risco dietético (alimento produzido industrialmente que apresente ausência de determinados nutrientes) que existe no mundo. E para prevenir esses problemas é preciso reduzir o seu consumo, seja na adição de sal na hora do preparo dos alimentos, mas também observando sua quantidade escondidos nos alimentos processados e multiprocessados comprados no supermercado.
COMO ESCOLHER O QUE COMER?
Se a quantidade de sal for superior a 400mg em 100g do alimento, é considerado prejudicial à saúde. É recomendável sempre escolher produtos que apresentam menos sódio — todos os produtos vendidos no supermercado são obrigados a colocar suas informações no rótulo, numa tabela nutricional. Assim, o consumidor tem o poder de escolha, inclusive comparando produtos a partir da quantidade de sódio presente em sua composição.
MAS SÓ FAZ MAL?
Não! O problema é sempre o excesso. O sódio é responsável pela regulação da quantidade de líquidos que ficam dentro e fora das células. Mas quando usado em excesso, ocorre uma alteração no equilíbrio entre esses líquidos, fazendo com que o organismo retenha mais água, aumentando o volume de líquido e sobrecarregando os órgãos do corpo humano, em especial coração e rins. A pressão alta prejudica a flexibilidade das artérias e ataca os vasos, coração, rins e cérebro. Dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011) do Ministério da Saúde revelam que 22,7% dos brasileiros já receberam diagnóstico de hipertensão, em sua maioria pela má alimentação e uso indiscriminado de sal.
Para contribuir com a diminuição do consumo de sódio, o Ministério da Saúde firmou um acordo com a indústria alimentícia pela redução gradual do teor de sódio em alimentos processados. Desde 2011, governo federal fechou três termos de compromisso para que várias categorias de alimentos sejam produzidas com menos sódio.
Segundo Patrícia Jaime, especialista em Epidemiologia Nutricional da USP e em Políticas de Alimentação e Nutrição pela London School of Hygiene and Tropical Medicine, no Reino Unido, esse acordo incentiva a indústria a oferecer alimentos menos prejudiciais à saúde e reforça o compromisso do governo federal na promoção de hábitos de vida mais saudáveis dos brasileiros. Patrícia afirma que, Com a iniciativa, o Brasil protagoniza a elaboração de um modelo que pode virar referência para diversos países.