Síndrome do Pânico

Artigo escrito por Rafael Bombein (CREF – 016866/SP) 

A síndrome do pânico, também conhecida como transtorno do pânico, é um distúrbio psiquiátrico muito comum que se caracteriza pelo surgimento espontâneo, súbito e inesperado de ataques de pânico recorrentes.

Ter um ou dois ataques de pânico ao longo da vida, principalmente se desencadeados por situações de estresse, não é considerado um distúrbio psiquiátrico. Para ser síndrome do pânico, o paciente precisa ter episódios repetidos de crise e estar sempre apreensivo em relação ao surgimento do próximo ataque.

A síndrome do pânico é um distúrbio que faz parte de um grupo de doenças psiquiátricas conhecidas como transtornos de ansiedade, do qual também fazem parte o transtorno de ansiedade generalizada, a fobia social, a agorafobia e outras fobias específicas.

ATAQUE DE PÂNICO

Um ataque de pânico é um evento que provoca intenso medo, surge de forma súbita e, habitualmente, não está relacionado a nenhuma causa aparente. Cada crise pode ter duração de vários minutos até 1 hora.

Durante os ataques de pânico, o paciente apresenta uma série de sinais e sintomas físicos que o faz pensar que ele pode morrer ou entrar em colapso a qualquer momento.

Até 1/3 da população pode apresentar um episódio isolado de ataque de pânico, que geralmente vai embora e nunca mais volta. Já a síndrome pânica afeta cerca de 3% das pessoas, sendo duas vezes mais comum nas mulheres que nos homens.

Uma importante característica da síndrome do pânico é o fato do paciente estar persistentemente preocupado com o retorno das crises, mesmo quando sente-se bem.

O medo de voltar a ter ataques de pânico é tão grande, que o paciente frequentemente muda a sua rotina diária. Situações que ele identifica como potenciais gatilhos para os ataques são evitados a qualquer custo, mesmo que para isso o paciente precise se prejudicar socialmente ou profissionalmente.

Mais de 40% dos pacientes com síndrome do pânico também apresentam algum outro distúrbio psiquiátrico, sendo a depressão, a agorafobia, o transtorno de ansiedade generalizada e o estresse pós-traumático as associações mais comuns.

CAUSAS

Assim como ocorre com todas as doenças de origem psiquiátrica, ainda não se sabe exatamente o que causa a síndrome pânico.

Por algum motivo, ainda não bem esclarecido, os indivíduos com transtorno do pânico apresentam desequilíbrios no funcionamento dos seus neurotransmissores (mensageiros químicos que transportam, estimulam e equilibram os sinais entre os neurônios, ou células nervosas e outras células do corpo), que levam o paciente a ter medos súbitos, mesmo quando não há motivo aparente.

Muitas crises de pânico são desencadeadas por interpretações erradas do cérebro frente a situações triviais. Uma inocente dor de cabeça ou abdominal, por exemplo, pode ser o suficiente para o paciente achar que algo de errado está acontecendo, desencadeando, assim, uma ataques de pânico.

Sabemos que fatores genéticos e ambientais são dois componentes importantes no desenvolvimento da doença. A origem do transtorno do pânico costuma estar relacionada a predisposição genética associada a um evento traumático que serve de gatilho para o surgimento do distúrbio.

Entre os fatores de risco para a síndrome do pânico, podemos citar:

  • História familiar positiva.
  • Adversidades na infância.
  • Ter outros distúrbios psiquiátricos.
  • Ter uma personalidade ansiosa.
  • Estresse familiar, social ou profissional persistente.
  • História de traumas pessoais, como assaltos ou acidentes automobilísticos.

SINTOMAS

De acordo com o Manual de Classificação de Doenças Mentais (DSM-5) o paciente para ser considerado portador da síndrome do pânico precisa ter tido pelo menos uma das 2 situações abaixo:

  • 4 ou mais ataques de pânico em um período de 4 semanas.
  • Um ou mais ataques de pânico seguidos de pelo menos 1 mês de medo persistente de ter outra crise.

Os sinais e sintomas típicos de um ataque de pânico incluem:

  • Palpitações ou coração acelerado.
  • Sudorese.
  • Tremor.
  • Sensação de falta de ar ou de não conseguir respirar direito.
  • Respiração acelerada.
  • Dor ou desconforto no peito.
  • Sensação de dificuldade para engolir.
  • Náuseas.
  • Dor ou mal-estar abdominal.
  • Dor de cabeça.
  • Tontura.
  • Despersonalização (sentir-se separado de si mesmo).
  • Medo de perder o controle.
  • Medo de enlouquecer.
  • Medo de morrer
  • Sensações de formigamento na face ou nos membros.
  • Calafrios ou ondas de calor

Os sintomas descritos acima surgem de forma súbita, atingem seu pico em poucos minutos e podem durar até 1 hora. Alguns pacientes podem apresentar mais de uma crise por dia.

Os sintomas físicos da síndrome do pânico podem levar o paciente a procurar com frequência os serviços de emergência dos hospitais, pois, para ele, os sintomas são reais e indicam alguma doença física grave se manifestando.

Indivíduos jovens e sem fatores de risco cardiovascular que frequentemente procuram ajuda médica com queixas de dor no peito e suspeita de estarem infartando, muitas vezes têm, na verdade, síndrome do pânico e ainda não sabem.

Alguns pacientes passam anos indo aos serviços de urgência até que finalmente alguém consiga identificar a origem psicológica do seu problema.

Os ataques de pânico são eventos tão desagradáveis, que o paciente com síndrome do pânico fica apavorado só de pensar que pode sofrer novo ataque.

Esse medo faz com que o paciente passe a evitar qualquer situação que ele considere potencialmente perigosa. 

TRATAMENTO

O tratamento combina medicamentos antidepressivos e ansiolíticos com psicoterapia e deve ser conduzido por médico psiquiatra; sua duração vai depender da intensidade da doença, podendo variar de meses a anos, sendo que se trata de um problema que pode ser controlado, mas para o qual não existe a cura completa. A psicoterapia objetiva auxiliar o paciente no resgate da autoconfiança necessária ao domínio das crises, através da consciência de si próprio.

RECOMENDAÇÕES

  • O diagnóstico do transtorno do pânico pode demorar a ocorrer, pois alguns dos sintomas físicos da doença podem ser confundidos com os sinais característicos do infarto;
  • Procure distinguir a ansiedade normal do transtorno de ansiedade. A primeira, é essencial para enfrentar os perigos reais que põem a sobrevivência em risco. Vencido o desafio, o sentimento é de alívio. Já a ansiedade patológica é uma reação desproporcional ao estímulo que a desencadeia, causa sofrimento, altera o comportamento e compromete o desempenho até mesmo das atividades rotineiras das pessoas;
  • Pratique exercícios físicos. Eles provocam algumas sensações semelhantes às da síndrome do pânico, como taquicardia e sudorese, porém, num contexto agradável, que ajuda a identificá-las melhor;
  • Não se automedique nem recorra ao consumo de álcool ou de outras drogas para aliviar os sintomas do pânico. Agindo assim, em vez de resolver um problema, você criará outros;
  • Procure assistência médica. O transtorno do pânico é uma doença como tantas outras e quanto antes for feito o diagnóstico, melhor será a resposta ao tratamento.

IMPORTANTE: Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. 


Referencias

https://www.mdsaude.com/psiquiatria/sindrome-do-panico/

https://bvsms.saude.gov.br/transtorno-do-panico/

https://www.scielo.br/j/rprs/a/VgdKjMfjhGfGcFTdBgYCq6G/