O que é Febre Maculosa?

A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. Ela pode variar desde as formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. A febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato.

No Brasil duas espécies de riquétsias estão associadas a quadros clínicos da Febre Maculosa:

  • Rickettsia rickettsii, que produz a doença grave registrada no norte do estado do Paraná e nos Estados da Região Sudeste.
  • Rickettsia sp. cepa Mata Atlântica, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica, produzindo quadros clínicos menos graves.

No Brasil, os principais vetores e reservatórios são os carrapatos do gênero Amblyomma, tais como A. sculptum (= A. cajennense), A. aureolatum e A. ovale. Entretanto, potencialmente, qualquer espécie de carrapato pode ser reservatório da bactéria causadora da Febre Maculosa, como por exemplo, o carrapato do cachorro.

A Febre Maculosa, se não tratada adequadamente, pode evoluir para quadros graves e levar a pessoa à morte.

IMPORTANTE: De acordo com a Portaria do MS de consolidação Nº 4 de 03 de outubro de 2017 todo caso de febre maculosa é de notificação obrigatória às autoridades locais de saúde. Deve-se realizar a investigação epidemiológica em até 48 horas após a notificação, avaliando a necessidade de adoção de medidas de controle pertinentes.

Quais são os sintomas da Febre Maculosa?

Os principais sintomas da Febre Maculosa são:

  • Febre acima de 39ºC e calafrios, de início súbito.
  • Dor de cabeça intensa.
  • Conjuntivite.
  • Náuseas e vômitos.
  • Diarreia e dor abdominal.
  • Dor muscular constante.
  • Insônia e dificuldade para descansar.
  • Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés.
  • Gangrena nos dedos e orelhas.
  • Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando paragem respiratória.

Além disso, após o desenvolvimento de Febre Maculosa é comum o desenvolvimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.

Como ocorre a transmissão da Febre Maculosa?

A transmissão da Febre Maculosa, em seres humanos, é basicamente por meio da picada do carrapato infectado pela bactéria causadora da doença. Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses.

Ao picar e se alimentar do sangue, o carrapato transmite a bactéria por meio da saliva. Geralmente a pessoa não percebe que foi picada nem sabe aonde aconteceu, porque a picada não causa dor, apesar de ser o suficiente para abrir espaço para a infecção entrar no organismo.

No Brasil, a maior parte dos casos de Febre Maculosa ocorre na região sudeste e os animais que geralmente são hospedeiros desse tipo de carrapato são a capivara e o cavalo. Ao atravessar a barreira da pele, a bactéria causador da Febre Maculosa chega ao cérebro, pulmões, coração, fígado, baço, pâncreas e tubo digestivo, e por isso é importante saber identificar e tratar essa doença o quanto antes para evitar maiores complicações e até mesmo a morte.

O período de incubação da doença, ou seja, período da infecção até manifestação dos primeiros sintomas, é de 2 a 14 dias, mas varia de acordo com cada pessoa.

Como é feito o tratamento da Febre Maculosa?

O tratamento precoce da Febre Maculosa é essencial para evitar formas mais graves da doença e até mesmo a morte da pessoa. Assim que surgirem os primeiros sintomas, é importante procurar uma unidade de saúde para avaliação médica. O tratamento é feito com antibióticos específicos. Em determinados casos, pode ser necessária a internação da pessoa.

O sucesso do tratamento, com consequente redução da letalidade, está diretamente relacionado à precocidade de sua introdução e à especificidade do antimicrobiano prescrito. Em geral, quando o tratamento é iniciado, a Febre Maculosa tende a desaparecer entre 24 e 72 horas após o início da terapia. A terapêutica é empregada rotineiramente por um período de 7 dias, devendo ser mantida por 3 dias, após o término da febre.

A falta ou demora no tratamento da Febre Maculosa pode afetar o sistema nervoso central e causar encefalite, confusão mental, delírios, convulsões e coma. Os rins podem ser afetados, provocando insuficiência renal e inchaço por todo o corpo. Os pulmões também podem ser atingidos, em casos mais graves, gerando, muitas vezes, necessidade de tratar com oxigênio.

IMPORTANTE:  A partir da suspeita médica da bactéria riquetsiose, causadora da Febre Maculosa, o tratamento com antibióticos deve ser iniciado imediatamente, não se devendo esperar a confirmação laboratorial do caso. Quanto mais rapidamente o tratamento for iniciado, maiores serão as chances de cura e menores as possibilidades de complicações ou morte.

Como é feito o diagnóstico da Febre Maculosa?

O diagnóstico precoce da Febre Maculosa é muito difícil, principalmente durante os primeiros dias de doença, tendo em vista que os sintomas também são parecidos com outros problemas de saúde, como leptospirose, dengue, hepatite viral, salmonelose, encefalite, malária, meningite, sarampo, lúpus e pneumonia.

No entanto, além da avaliação clínica, quando o médico fará avaliação dos sintomas e perguntará onde você mora ou se esteve em locais com grandes chances de ter sido picado por um carrapato, ele também pode solicitar uma série de exames para confirmar ou contribuir com o diagnóstico.

Os testes laboratoriais mais indicados para diagnosticar a Febre Maculosa são:

  • Exame de sangue.
  • Análise de enzimas.
  • Biópsia de erupção cutânea com coloração de anticorpos fluorescentes para detectar organismos.
  • Teste sorológico agudo e convalescente.
  • Testes de biologia molecuar.
  • Reação de imunofluorescência indireta (RIFI).
  • Exames de Imunohistoquímica.
  • Isolamento da bactéria.

Os resultados desses exames, no entanto, podem levar semanas. Por isso, se houver suspeita, o médico deve iniciar o tratamento com antibióticos urgentemente, tendo em vista que quanto mais cedo a terapia for iniciada, maiores são as chances de se evitar complicações e morte do paciente.

Além disso, as principais características que podem levar à suspeita ou até mesmo à confirmação do diagnóstico de Febre Maculosa são febre súbita e lesões sugestivas de escaras, seguidas de dor.

Quais são os fatores de risco da Febre Maculosa?

Os principais fatores de risco que aumentam as chances de se contrair a infecção por Febre Maculosa são:

  • Viver em uma área onde a doença é comum, como locais rurais ou arborizados.
  • Convivência com cachorro, cavalo ou outros animais domésticos.
  • Se um carrapato infectado se prender à sua pele, é possível contrair febre maculosa ao remover o carrapato, pois o fluido do carrapato pode entrar no seu corpo por meio de uma abertura como o local da picada.

Para diminuir os riscos de infecção, em caso de exposição a carrapatos, siga os seguintes passos:

  • Ao remover um carrapato da sua pele, use uma pinça para agarrá-lo e remova-o cuidadosamente.
  • Trate o carrapato como se estivesse contaminado: mergulhe-o em álcool ou jogue no vaso sanitário.
  • Limpe a área da mordida com anti-séptico.
  • Lave bem as mãos.
IMPORTANTE:  A incidência da Febre Maculosa  é mais comum em pessoas que vivem ou frequentam áreas rurais infestadas por carrapatos. além disso, estar em contato com animais como capivaras, cavalos, vacas e cachorros com carrapatos também aumenta o risco de contrair a doença.

Como prevenir a Febre Maculosa?

Atualmente não existe nenhuma vacina eficaz contra a Febre Maculosa, mas é possível adotar algumas medidas para prevenir a doença.

  • Use roupas claras, para ajudar a identificar o carrapato, uma vez que ele é escuro.
  • Use calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas.
  • Evite andar em locais com grama ou vegetação alta.
  • Use repelentes de insetos: atualmente já existem repelentes contra carrapatos no mercado.
  • Verifique se você e seus animais de estimação estão com carrapatos: após três horas de exposição a áreas de risco é preciso verificar se há a presença de algum carrapato no corpo. Após esse período, o inseto já terá transmitido a bactéria para a pessoa.
  • Remova um carrapato com uma pinça: pegue com cuidado o carrapato. Não aperte ou esmague o carrapato, mas puxe com cuidado e firmeza. Depois de remover o carrapato inteiro, lave a área da mordida com álcool ou sabão e água.

Quanto mais rápido uma pessoa retirar os carrapatos de seu corpo, menor será o risco de contrair a doença. Após a utilização, coloque todas as peças de roupas em água fervente para a retirada dos insetos.

Fonte: Ministério da Saúde