Coqueluche – Saiba mais sobre essa doença

Instituto Arlindo Gusmão de Fontes (IAGF) – Rafael Bombein (CREF 016866/SP) – 21/07/2024

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A Coqueluche é uma doença infecciosa aguda, de alta transmissão respiratória, de distribuição universal, imunoprevenível (doença imunoprevenível é aquela que pode ser evitada ao aplicar a vacina) e de notificação compulsória. Apesar da coqueluche ser uma doença imunoprevenível, sendo o homem o único reservatório natural, ainda representa um problema de saúde pública, especialmente em lactentes, onde pode levar a complicações graves e até mesmo à morte.

CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO GLOBAL

Em agosto de 2023, o Ministério da Saúde emitiu um alerta por meio da Nota Técnica Nº 50/2023- CGVDI/DPNI/SVSA/MS sobre um surto de coqueluche na Bolívia. Em 21 de agosto de 2023, o vice-ministro de Promoção, Vigilâncias Epidemiológica e Medicina Tradicional informou que na Bolívia havia 847 casos.

Na Inglaterra, entre janeiro e fevereiro de 2024 foram confirmados 1.468 casos de coqueluche. Até o momento, pelo menos 17 países da União Europeia (U.E) relataram aumento de casos para o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). Segundo o Boletim Epidemiológico ECDC, publicado em maio/2024, entre 1 de janeiro e 31 de março de 2024, mais 32.037 casos foram notificados, chamando a atenção sobre o elevado número de casos registrados nos três primeiros meses de 2024.

 Nos EUA de 01/01/2024 até a data de 13/01/2024 foram notificados 129 casos de coqueluche. 

CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO NACIONAL

Segundo dados registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), foram notificados, no país, até a semana epidemiológica (SE) 29/2023, 842 casos suspeitos de coqueluche e entre estes, 87 (10,3%) foram confirmados. Quatro estados do Brasil fazem fronteira com a Bolívia: Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, confirmaram no período de 2019 a 2023 um total de 44 casos de coqueluche nesses estados, sendo que em 2023 foram registrados 5 casos.

CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO NO MUNICÍPIODE SÃO PAULO

No ano de 2024, de janeiro a julho de 2024, foram notificados 466 casos suspeitos, onde 165 foram confirmados até 03/07/2024; dos casos confirmados observou-se uma maior concentração no público adolescente de 10 a 19 anos (110 casos) seguido do infantil abaixo desta faixa etária (40 casos), com uma distribuição equilibrada em ambos os sexos.

A coqueluche ou pertussis é uma infecção respiratória causada pela bactéria Borderella pertussis, conhecida popularmente como tosse comprida. Em contato com a bactéria, que se aloja na garganta humana, as crianças podem desenvolver insuficiência respiratória e ir a óbito.

A vacina pentavalente (difteria, tétano, pertussis, hepatite B recombinante e Haemophilus influenzae B conjugada) é oferecida gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) aos dois, quatro e seis meses de vida. Mais dois reforços com a vacina DTP (difteria, tétano e pertussis), conhecida também como tríplice bacteriana infantil, são indicados aos 15 meses e aos 4 anos. 

A coqueluche é caracterizada por acessos de tosse extremamente pronunciados e tende a ser uma doença muito mais grave em crianças abaixo de um ano de idade, que sofrem com a maior taxa de morbidade e hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva [UTI]”, esclarece o infectologista e gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Butantan, Érique Miranda.  

A coqueluche é transmitida pelo contato com gotículas de pessoas contaminadas e é altamente transmissível, podendo gerar, a cada infecção, outros 17 casos secundários. Seu alto potencial de transmissão é semelhante ao do sarampo e da varicela, é muito maior do que o da Covid-19, que gera em torno de três casos secundários a cada infecção. 

A doença tende a se alastrar mais em tempos de clima ameno e frio, como na primavera e no inverno, devido ao fato das pessoas permanecerem mais em ambientes fechados. Basta um contato com a tosse ou secreção da pessoa com a enfermidade para se infectar.

A coqueluche é dividida em três fases: a fase catarral, que dura até duas semanas, marcada por febre pouco intensa, mal-estar geral, coriza e tosse seca. É a fase mais infectante e quando a frequência e a intensidade dos acessos de tosse aumentam gradualmente. A fase paroxística, que dura de duas a seis semanas, é quando a febre se mantém baixa, e começam as crises de tosse súbitas, rápidas e curtas, que podem comprometer a respiração. 

O fato de se fazer muita força para tossir pode causar saliência nos olhos, protusão na língua, salivação, lacrimejamento e vômitos, entre outros sintomas. A dificuldade respiratória pode, ainda, causar a cianose (coloração azulada da pele ocorrida em virtude da baixa oxigenação do sangue). Na fase de convalescença, os sintomas anteriores diminuem em frequência e intensidade, embora a tosse possa persistir por vários meses. 

Como a coqueluche não está associada à morbidade em adultos, a vacinação de reforço não é costumeira nessa faixa etária, o que favorece a transmissão para o público mais vulnerável – os pequenos.

Não é uma doença qualquer e está relacionada à morbimortalidade de crianças. Em adultos, ela pode ser confundida com diversas outras doenças e infecções como sinusite, tosse crônica ou mesmo quadros de infecção por influenza ou tuberculose, atrasando o diagnóstico”, afirma Dr. Érique Miranda.

ATENÇÃO!

Clique aqui para obter o calendário de vacinação para COQUELUCHE por grupo de idade, na cidade de São Paulo;

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/vacinacao/index.php?p=360658