Dia Mundial de Combate à Meningite
Artigo escrito por Rafael Bombein (CREF – 016866/SP) e editado pelo jornalista Fábio Busian (MTB 81800)
No dia 24 de abril é lembrado como o Dia Mundial de Combate à Meningite; a data visa lembrar a população sobre os riscos trazidos pela doença e destaca a importância da prevenção, do diagnóstico, do tratamento e da melhoria das medidas de suporte àqueles que lidam com os efeitos potencialmente devastadores da meningite.
As meningites têm distribuição mundial e são consideradas um grave problema de saúde pública pelo potencial de transmissão, patogenicidade e relevância social. Estima-se que globalmente, mais de 5 milhões de pessoas são afetadas pela meningite anualmente e a cada dez pacientes, um morre em decorrência da doença e outros dois ficam com sequelas.
Neste Dia Mundial de Combate à Meningite é necessário reforçar o risco representado pela queda da cobertura vacinal contra a doença e alertar sobre a necessidade de redobrar os esforços de prevenção diante do crescimento recente de surtos de casos e registros de óbitos em diversas regiões do país.
A cada ano ocorrem até 5 milhões de casos, incluindo epidemias de novas cepas que se espalham entre países e em todo o mundo. Provoca 1 morte a cada 10 casos e deixa sequelas, como: epilepsia, surdez e perda de membros, mudando totalmente a vida de 1 pessoa em cada 5 casos.
No Brasil, a doença é considerada endêmica, com casos esperados ao longo de todo o ano e a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais. As meningites bacterianas são mais comuns no outono-inverno e as virais na primavera-verão.
A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.
Pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. As meningites virais e bacterianas são as de maior importância para a saúde pública, considerando a magnitude de sua ocorrência e o potencial de produzir surtos.
Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Também ocorre a transmissão fecal-oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados e contato com fezes.
Apesar de ser habitualmente causada por microrganismos, também pode ter origem em processos inflamatórios, como câncer (metástases para meninges), lúpus, reação a algumas drogas, traumatismo craniano e cirurgias cerebrais.
TRANSMISSÃO
Pode ser transmitida pelo doente ou pelo portador através da fala, tosse, espirros e beijos, passando da garganta de uma pessoa para outra. Nem todos que adquirem o meningococo ficam doentes, pois o organismo se defende com os anticorpos que cria através do contato com essas mesmas bactérias, adquirindo, portanto, resistência à doença. As crianças de 6 meses a 1 ano são as mais vulneráveis ao meningococo porque, geralmente, ainda não desenvolveram anticorpos para combatê-la.
SINTOMAS
Meningites virais: nas meningites virais, o quadro é mais leve. Os sintomas se assemelham aos das gripes e resfriados. A doença acomete, principalmente, as crianças, que têm febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, inapetência e irritação. Uma vez que os exames tenham comprovado tratar-se de meningite viral, a conduta é esperar que o caso se resolva sozinho, como acontece com as outras viroses.
Meningites bacterianas: as meningites bacterianas são mais graves e devem ser tratadas imediatamente. Os principais agentes causadores da doença são as bactérias meningococos, pneumococos e Haemophilus, transmitidas pelas vias respiratórias ou associadas a quadros infecciosos de ouvido, por exemplo. Em pouco tempo, os sintomas aparecem: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Esse é um sinal de que a infecção está se alastrando rapidamente pelo sangue e o risco de sepse aumenta muito. Nos bebês, a moleira fica elevada.
TRATAMENTO
Assim como para as outras enfermidades causadas por vírus, não existe tratamento específico para as meningites virais. Os medicamentos para combater febre e dor são úteis para aliviar os sintomas.
Meningites bacterianas são tratadas com antibióticos aplicados por via endovenosa (diretamente na veia do paciente) e sua administração deve começar o mais rápido possível para evitar complicações e sequelas.
Meningites causadas por fungos ou pelo bacilo da tuberculose exigem tratamento prolongado à base de antibióticos e quimioterápicos por via oral ou endovenosa.
PREVENÇÃO
- Evitar locais com aglomeração de pessoas;
deixar os ambientes ventilados, se possível ensolarados, principalmente, salas de aula, locais de trabalho e no transporte coletivo; - Não compartilhar objetos de uso pessoal;
reforçar os hábitos de higiene, lavando as mãos com frequência, especialmente antes das refeições; - Manter a vacinação em dia.
VACINA
A meningite pode ser causada por mais de um tipo de bactéria, por isso, não existe uma vacina única que previna todos os casos. Todavia, há vacinas individuais contra as principais bactérias. A vacina contra Haemophilus influenzae já faz parte do calendário básico de vacinação. Também já existe vacina para o Streptococcus pneumoniae, bactéria muito associada à pneumonia, otites e sinusites, mas que frequentemente é causa de meningite.
A Neisseria meningitidis, a bactéria causadora da famosa meningite meningocócica, que costuma ser a forma mais grave de meningite bacteriana, apresenta uma particularidade. Esta bactéria possui 13 sorogrupos diferentes. 8 destes sorogrupos são responsáveis por quase todas as epidemias de meningite meningocócica: A, B, C, X, Y, Z, W135 e L, sendo B e C os mais comuns.
Atualmente existe vacina individual apenas contra o meningococo C e uma vacina conjugada que atua contra os meningococos A, C, Y e W135.
Recentemente, entrou no mercado a vacina contra o meningococo B. Na maioria dos países, essa vacina ainda não faz parte do calendário oficial, só estando disponível para compra nas farmácias.
RECOMENDAÇÕES
Alguns sintomas da meningite podem ser confundidos com os de outras infecções por vírus e bactérias. Não fique na dúvida: criança chorosa, inapetente e prostrada, que se queixa de dor de cabeça, precisa ser levada, o mais depressa possível, para avaliação médica de urgência.
Os efeitos tardios da meningite podem ter um impacto permanente na vida do paciente, provocando:
- Danos aos órgãos;
- Perda da audição:
- Lesão cerebral;
- Dificuldade de aprendizagem;
- Perda de membros.