Distúrbios do sono
Instituto Arlindo Gusmão de Fontes (IAGF) – Rafael Bombein (CREF 016866/SP) – 14/10/2024
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De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono.
O sono é uma função biológica fundamental na consolidação da memória, na visão binocular, na termorregulação, na conservação e restauração da energia, e restauração do metabolismo energético cerebral. Devido a essas importantes funções, as perturbações do sono podem acarretar alterações significativas no funcionamento físico, ocupacional, cognitivo e social do indivíduo, além de comprometer substancialmente a qualidade de vida.
Os distúrbios do sono provocam consequências adversas na vida das pessoas por diminuir seu funcionamento diário, aumentar a propensão a distúrbios psiquiátricos, déficits cognitivos, surgimento e agravamento de problemas de saúde, riscos de acidentes de tráfego, absenteísmo no trabalho, e por comprometer a qualidade de vida.
Os distúrbios de sono mais comuns são a insônia, a apneia obstrutiva do sono e a síndrome das pernas inquietas. São comuns também o sono insuficiente e o atraso de fase de sono.
INSÔNIA
A insônia é a dificuldade de iniciar o sono, mantê-lo continuamente durante a noite ou o despertar antes do horário desejado. Estes episódios de insônia podem estar relacionados a vários fatores, e são bastante individuais: expectativas (viagem, compromissos, reuniões, prova, etc.), problemas clínicos, problemas emocionais passageiros, excitação associada a determinados eventos. Mas pode tornar-se crônica e provocar muito sofrimento ao longo dos anos.
A insônia está associada a vários fatores. Algumas pessoas apresentam maior tendência à insônia e quando expostas a condições de estresse, doenças ou mudança de hábitos, desenvolvem episódios de insônia. Estes episódios podem se prolongar por muito tempo, principalmente porque a pessoa tende a associar suas dificuldades de dormir a uma série de comportamentos: esforço para dormir, permanência na cama só para descansar, elaboração de pensamentos e planejamentos na hora de dormir, atenção às suas preocupações, atenção a fenômenos do ambiente, como ruídos e pessoas que estão dormindo, provocando sempre uma supervalorização destes fatos, o que realimenta a insônia.
APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO
A Apneia Obstrutiva do Sono caracteriza-se pela obstrução da via aérea no nível da garganta durante o sono, levando a uma parada da respiração, que dura em média 20 segundos. Após está parada, a pessoa acorda, emitindo um ronco muito barulhento. A apneia obstrutiva do sono pode ocorrer várias vezes durante a noite, havendo pessoas que apresentam uma a cada um ou dois minutos.
Em longo prazo, pacientes com apneia obstrutiva do sono podem desenvolver doenças nas artérias, provocadas pelo acúmulo de colesterol nas suas paredes, além de provocar a ocorrência de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame). Também pode se desenvolver a síndrome metabólica, que é a ocorrência de distúrbios da gordura e do açúcar do sangue, hipertensão arterial e aumento da circunferência abdominal. Quem apresenta esta síndrome tem maior tendência a ter infarto do miocárdio e derrame cerebral.
SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS
É um distúrbio caracterizado por agitação involuntária dos membros inferiores, mas que pode ocorrer também com os braços, nos casos mais graves. Em geral, os sintomas são mais intensos à noite, fazendo com que a pessoa durma mal ou quase não durma. Como consequência, passa o dia sonolento, cansado, indisposto e irritado.
SINTOMAS
A principal manifestação dos problemas crônicos de sono é a sonolência diurna exagerada. As primeiras manifestações dos distúrbios do sono são as alterações do humor, da memória e das capacidades mentais, como aprendizado, raciocínio e pensamento. Para algumas pessoas, basta uma noite mal dormida para que não esteja bem no dia seguinte, principalmente menos tolerante, irritadiça, e com dificuldades de memória, podendo surgir também dor de cabeça. Um sintoma muito característico de distúrbio de sono é o ronco. O ronco ainda hoje é interpretado popularmente como sinal de que o indivíduo dorme bem, mas é justamente o contrário.
Quem ronca está esforçando sua musculatura respiratória para além de seus limites, e estar sobrecarregando o coração de trabalho. Ao longo do tempo o indivíduo que ronca pode ficar hipertenso e/ou apresentar infarto do miocárdio ou derrame cerebral. Quem ronca pode ter apneia obstrutiva do sono, e outros indícios desta doença podem ser a obesidade, prejuízo de memória, dificuldade de raciocínio, diminuição da libido, disfunção erétil (impotência), pescoço grosso, circunferência abdominal elevada, boca pequena, queixo para traz, amígdalas grandes.
PREVENÇÃO E CONTROLE
O que fazer para ter um boa noite de sono?
Chegar em casa pelo menos três horas antes do horário de dormir. Deixar bem claro para você mesmo que seu dia de trabalho acabou pelo menos duas horas antes de dormir, quando então deverá tomar banho, ler e relaxar. Não se deve ir para a cama sem sono. Não se deve usar a cama para planejar o dia seguinte, ler, assistir TV. A atividade sexual não traz problemas. Ter sempre um horário regular para se deitar e se levantar. Evitar o consumo de alimentos excitantes, de bebidas alcoólicas ou que contenham cafeína; comer muito próximo ao horário de dormir também não é recomendado. Se não pegar no sono após 15 ou 30 minutos, levante-se e vá para outro recinto ler. Evitar assistir TV, principalmente programas muito excitantes. Não realizar exercícios intensos próximo ao horário de dormir. Manter as regras inclusive nos finais de semana. Se estiver roncando, mesmo que lhe pareça o contrário, você pode não estar dormindo bem. Ao acordar, deixe a luz do sol entrar em seu quarto.
Referencias
https://www.scielo.br/j/estpsi/a/gTGLpgtmtMnTrcMyhGFvNpG/?lang=pt
Para saber mais
Coisas que você precisa saber sobre o sono; Dra. Sandra Doria, Médica e Pesquisadora do Instituto do Sono responde sete perguntas sobre o assunto; Drauzio Varella; 15 de dezembro de 2022;