Obesidade Infantil
Instituto Arlindo Gusmão de Fontes (IAGF) – Rafael Bombein (CREF 016866/SP) – 22/09/2024
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Levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância – Fiocruz/Unifase) revela um quadro preocupante em relação à obesidade infantil e em adolescentes no Brasil. Embora exista uma tendência de queda nos números da última década entre as crianças até 5 anos, o excesso de peso (que inclui casos de sobrepeso e de obesidade) afetou uma em cada 10 crianças brasileiras e um em cada três adolescentes (10 a 18 anos) em 2022. Entre 2019 e 2021, período que engloba a pandemia de Covid-19, o número de crianças com excesso de peso no país cresceu 6,08%. O aumento entre os adolescentes foi ainda maior: de 17,2%.
A análise foca na evolução dos dados de obesidade em crianças menores de cinco anos e adolescentes entre 10 e 18 anos no Brasil ao longo de um período de 10 anos (2013-2022).
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatam que, em todo o mundo, a população com obesidade, na faixa etária entre cinco e 19 anos, aumentou dez vezes na última década.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, SBP, é indispensável orientar pediatras, pais e responsáveis sobre medidas simples, porém eficazes, que auxiliam na prevenção da obesidade infantil, uma vez que a obesidade iniciada na infância pode persistir durante a vida adulta. “Cerca de 50% dos adolescentes com obesidade permanecerão acima do peso quando adultos, aumentando o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes melito tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia, síndrome metabólica e alguns tipos de câncer”.
A obesidade entre crianças é resultado de uma série de fatores, que podem ser tanto genéticos quanto comportamentais, em vários contextos, como o familiar, escolar e social, da nutrição da mãe ao longo da gravidez até a introdução de alimentos de forma inadequada, dieta desequilibrada do ponto de vista nutricional, entre outros.
Considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma doença crônica, progressiva, redicivante (que acontece de forma recorrente) e uma epidemia global, a obesidade representa ainda um importante fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças, nas articulações e nos ossos, diabetes e doenças cardíacas.
Para evitar esses riscos, que também ameaçam as crianças, é essencial que o cuidado com a alimentação se inicie desde o pré-natal com as orientações para a mãe sobre sua própria alimentação e sobre a importância do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e continuado após a introdução alimentar, a partir dos 6 meses. A dieta infantil deve ser composta por alimentos nutritivos e variados, sem a presença de alimentos ultraprocessados.
Hábitos saudáveis devem incluir também atividade física no cotidiano das crianças, estas proporcionam bem-estar e, aliadas a uma alimentação equilibrada, afastam o risco da obesidade, além de melhora na coordenação motora, na qualidade do sono, nas funções cognitivas, no aprendizado, na integração e no desenvolvimento de habilidades psicológicas e sociais, além do crescimento saudável de músculos e ossos.
Na primeira infância, período que consiste nos cinco primeiros anos de vida da criança, é possível obter resultados positivos com a prática de jogos recreativos, brincadeiras e até mesmo atividades mais estruturadas, como a participação em escolinhas de esportes e em aulas de educação física. É fundamental que estas atividades sejam realizadas em ambiente seguro, sempre supervisionadas pelos pais ou responsáveis e professores e adequadas à idade da criança.
Veja dicas de atividades a serem desenvolvidas com as crianças nas várias faixas etárias, sugeridas pelo “Guia de Atividade Física Para A População Brasileira”, editado pelo Ministério da Saúde;
Até 1 ano: são indicadas atividades que deixem o bebê de barriga para baixo (de bruços) ou sentado, movimentando braços e perna, a fim de estimulá-lo a alcançar, segurar, puxar, empurrar, engatinhar, rastejar, rolar, equilibrar-se com ou sem apoio, sentar e levantar.
De 1 a 2 anos: é recomendado a prática do equilíbrio nos dois pés, em um pé só, girar, rastejar, andar, correr, saltitar, escalar, pular, arremessar, lançar, quicar e segurar.
De 3 a 5 anos: é importante estimular atividades como caminhar, correr, girar, chutar, arremessar, saltar e atravessar ou escalar objetos. Nessa idade, a atividade física também pode ser realizada na aula de educação física escolar, natação, ginástica, lutas, danças e esportes.
Já na faixa etária dos 6 aos 17 anos, a prática de atividade física regular traz uma série de benefícios, que, além da saúde em geral, incluem melhora do humor e redução da sensação de estresse e os sintomas de ansiedade e de depressão, auxílio no desempenho escolar e diminuição do tempo em frente a telas (celular, computador, tablet, videogame e televisão).
Para esse público é recomendado praticar 60 minutos ou mais de atividade física por dia, dando preferência àquelas que aumentem a respiração e os batimentos cardíacos, além de incluir atividades de fortalecimento dos músculos e ossos em, pelo menos, três dias na semana. A atividade física pode ser executada durante o tempo livre, nas tarefas domésticas, no deslocamento e até no ambiente escolar. Praticar esportes com os amigos, andar de bicicleta, caminhar até a escola e ajudar nas tarefas domésticas são alguns exemplos.
É importante ressaltar que crianças e adolescentes que iniciam a prática de atividade física cedo tendem a ser pessoas fisicamente ativas ao longo da vida. Por isso, é essencial o incentivo dos pais e responsáveis para estimulá-los.
Referencias
https://portal.fiocruz.br/noticia/obesidade-em-criancas-e-jovens-cresce-no-brasil-na-pandemia
https://capital.sp.gov.br/web/saude/w/noticias/367222
Para saber mais
Guia de Atividade Física Para A População Brasileira;
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_atividade_fisica_populacao_brasileira.pdf
Como os ultraprocessados estão aumentando os casos de obesidade infantil; Drauzio Varella;20 de jun. de 2024;
Cuidados com a alimentação na infância; Drauzio Varella; 16 de dez. de 2019;