Roberto Alves – Presidente do SIEMACO ABC

Nordestino e coletor de lixo com muito orgulho: a história de Roberto Alves, presidente do SIEMACO ABC, coincide com a de milhões de brasileiros

Assim como milhões de nordestinos que ajudaram na fundação e no desenvolvimento de São Paulo, o jovem Roberto Alves da Silva, de 19 anos, desembarcou na terra da garoa nos anos 1990. Assim como o ex-presidente Lula, Roberto veio do agreste pernambucano, mais precisamente da cidade de Garanhuns, para São Bernardo do Campo, onde conseguiu emprego na fábrica da Volkswagen.

Após passagem como profissional do Asseio no pátio da montadora, Roberto migrou em 1991 para a Limpeza Urbana, como coletor de lixo. Nesse tempo, conheceu uma cearense, por quem se apaixonou e se casou, com quem teve um filho já em terras paulistas e fixou de vez suas raízes no ABC. Foi nessa época que seu espírito sindicalista aflorou. “Eu nem era do sindicato, mas já sindicalizava meus amigos. Logo no meu primeiro trabalho, já entendi a importância do sindicato em nossas vidas e como a união da categoria era importante para nos fortalecer. Falava das conquistas, de como nos mantermos juntos era importante para avançarmos”, explica.

Em 1993, Roberto chamou tanto a atenção do SIEMACO ABC, que foi convidado pelo então presidente, Arlindo Gusmão de Fontes, que hoje é homenageado com o nome do instituto, para fazer parte do conselho fiscal sindical. “Aceitei na hora! Me senti honrado em fazer parte do sindicato e fortalecer ainda mais a categoria que me acolheu”, conta.

FEMACO mudou a história do sindicalismo

Mas, para Roberto, o divisor de águas para o Asseio e a Limpeza Urbana veio em 1994, com a fundação da federação que representa as duas categorias, além de Áreas Verdes e Conservação Ambiental,  no estado de São Paulo, a FEMACO. “Roberto Santiago, presidente da FEMACO, revolucionou o jeito como trabalhamos o sindicalismo de base. Quando ele criou a federação, houve muitas conquistas para as nossas categorias, como plano de saúde, tíquete refeição, melhoria nos salários, e também melhorou a relação com as empresas”.

Segundo Roberto Alves, a maior organização sindical trazida pela FEMACO e a união entre trabalhadores e sindicato fez com que as conquistas ocorressem, pois o patronal passou a respeitar mais as reivindicações. “As empresas passaram a nos ouvir mais. Com a FEMACO, tivemos muito mais força, essa relação com o patronal mudou”.

Após mais de uma década trabalhando dentro do SIEMACO ABC, Roberto foi se destacando dentro do sindicato e alcançou o cargo de Secretário Geral. Em 2004, durante o processo eleitoral da nova diretoria, que Roberto fazia parte como vice-presidente, Arlindo Gusmão faleceu. “Foi um baque. Infelizmente o nosso amigo nos deixou bruscamente. Ficamos muito abalados, mas entendemos que era importante continuar o belo trabalho e o legado deixado pelo companheiro Arlindo. Com o apoio do Roberto Santiago, acabei encabeçando a chapa e me tornando presidente do SIEMACO ABC”.

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Criação do Instituto AGF

No ano seguinte, em 2005, foi criado o Instituto Arlindo Gusmão de Fontes. “A criação do instituto foi essencial para darmos ainda mais força e apoio para nossas categorias. O IAGF se tornou o braço direito da FEMACO. Sem ambos, não sei o que seria dos nossos trabalhadores”.

Para Roberto, que está há três décadas no sindicalismo, as conquistas conseguidas após a criação do instituto melhoraram ainda mais a relação com o trabalhador. “A implantação dos atendimentos ambulatorial médico e odontológico gratuitos melhorou demais a qualidade de vida de todos os nossos trabalhadores e das nossas trabalhadoras. Os cursos de qualificação e as palestras oferecidas pelo instituto também ajudam demais a conscientizar as categorias e instruir nossa base. A bandeira do Sindicato Cidadão, que defendemos, foi fortalecida com a chegada do IAGF”.

Mas, com tanta bagagem, tantas histórias sindicais, apesar de estar a frente de um dos maiores sindicatos do Asseio e da Limpeza Urbana no Brasil, Roberto deixa claro que valoriza suas raízes. “Eu estou presidente do sindicato, é um cargo. Mas eu sou coletor de lixo, foi essa profissão que escolhi e que defendo com muito orgulho.”

“Eu estou presidente do sindicato, é um cargo. Mas eu sou coletor de lixo, foi essa profissão que escolhi e que defendo com muito orgulho.”

Redação e edição pelo jornalista Fábio Busian – MTB 81800