Setembro Vermelho – Atenção para os cuidados com as doenças cardiovasculares

Artigo escrito por Rafael Bombein (CREF – 016866/SP) 

O mês de setembro é dedicado à conscientização de doenças cardiovasculares e recebe a denominação de Setembro Vermelho. A iniciativa chama atenção para enfermidades como os infartos e acidentes vasculares cerebrais, que ocasionam aproximadamente um terço das mortes do mundo, além das medidas que podem ser feitas para preveni-las.

A depender do país, a taxa de mortalidade pode chegar a 30%, sem considerar os agravantes de saúde e a idade avançada. As principais causas estão relacionadas aos hábitos de vida social e alimentar, como destacou o Dr. José Carlos Nicolau, médico do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, USP, ao USP no dia 29/09/2022; outros fatores de risco devem ser observados, tais como colesterol alto, diabete, obesidade e estresse, além da predisposição e a existência de cardiopatias e fatores hereditários. 

A prevenção se baseia na detecção de predisposições e fatores de risco, além da incorporação de hábitos saudáveis. O Dr. Nicolau comenta que, de uma forma geral, “hábitos alimentares e sociais vão ajudar o indivíduo a corrigir ou controlar esses fatores de risco, diminuindo a chance de vir a ter um infarto ou vir a falecer”. E destaca que, caso a doença ocorra, o tempo entre os primeiros sintomas até o atendimento no hospital é fundamental, para evitar sequelas e o falecimento do paciente. 

Em muitos casos, as mortes podem ser evitadas, por isso é importante ficar atento aos principais fatores de risco para o surgimento de doenças no coração. 

DIABETES

O diabetes ocorre quando o corpo não é capaz de produzir insulina, hormônio responsável por controlar a quantidade de glicose no sangue, ou não consegue empregar de forma adequada a insulina produzida.

Existem dois tipos de diabetes: o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2. O primeiro caso é conhecido como diabetes infanto-juvenil, instável ou insulinodependente. Ele ocorre quando há aumento da taxa de glicose no sangue, em decorrência da falta de produção de insulina pelo pâncreas. O surgimento desse tipo de diabetes é mais comum durante a infância ou adolescência, no qual o tratamento é feito por meio de aplicação diária de insulina.

Já o tipo 2 é conhecido como diabetes do adulto ou da maturidade, estável ou não insulinodependente. Este é mais comum do que o primeiro tipo, sendo responsável por cerca de 90% dos casos. Ocorre quando há o aumento da taxa de glicose no sangue decorrente de uma resistência do organismo à ação da insulina. Inicialmente o tratamento costuma ser feito com medicamentos orais e, se necessário, com o tempo pode ser indicado o uso de insulina.

Em ambos os tipos de diabetes é recomendado a prática de atividades físicas e alimentação adequada e equilibrada como parte do tratamento.

Atenção!

Na capital, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico e tratamento para pacientes com diabetes. As canetas de insulina humana NPH e Regular para o tratamento da doença são fornecidas gratuitamente nas farmácias das unidades de saúde municipais.

HIPERTENSÃO

A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é uma doença crônica não transmissível (DCNT) que ocorre quando há um aumento anormal da pressão que o sangue faz ao circular pelas artérias do corpo.

O coração é o órgão mais afetado com o descontrole da pressão, porque não recebe sangue e oxigenação suficiente, podendo resultar em acidente vascular cerebral (AVC), infarto e insuficiência cardíaca.

De acordo com as Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (DBHA) 2020A pressão normal ótima é a que registra números abaixo de 120 mmHg x 80 mmHg. A faixa entre 120 e 129 mmHg e 80 e 84 mmHg é considerada normal, mas não ótima e deve ser acompanhada. 

Os sintomas normalmente aparecem quando a pressão sobe muito, podendo causar dores no peito, dor de cabeça, tonturas, visão embaçada etc. Embora não tenha cura, a hipertensão tem tratamento para ser controlada.

Atenção!

Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) da rede municipal estão aptas para diagnosticar e tratar a hipertensão.

COLESTEROL

O colesterol está relacionado com a produção de alguns hormônios, tais como vitamina D, testosterona, estrógeno, cortisol e ácidos biliares que ajudam na digestão das gorduras. Porém, altas taxas de colesterol no sangue são consideradas prejudiciais para a saúde, pois aumentam o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, uma vez que podem formar placas de gorduras na parede das artérias dificultando o fluxo sanguíneo ou até mesmo obstruindo essa passagem.

O colesterol total é composto pelas lipoproteínas VLDL (lipoproteína de densidade muito baixa, composta pelas triglicérides), LDL (lipoproteína de baixa densidade ou “mau” colesterol) e HDL (lipoproteína de alta densidade ou “bom” colesterol) que são responsáveis por transportá-lo na corrente sanguínea, para todos os órgãos, músculos, nervos e pele.

O colesterol alto pode ser resultado de diversos elementos como tendências genéticas ou hereditárias, obesidade, idade, gênero, diabetes e sedentarismo. No entanto, a má alimentação é um dos principais fatores para o surgimento da doença, porque 30% do colesterol encontrado no organismo é proveniente das refeições feitas diariamente.

ESTRESSE

O estresse pode ser desencadeado por diversas situações, tanto da vida pessoal quanto da vida profissional. Este sentimento é muito comum, mas deve ser observado com atenção, uma vez que seu excesso pode se tornar um fator de risco para o aparecimento de doenças cardiovasculares.

Um indivíduo estressado pode apresentar tremores, ritmo cardíaco acelerado, arritmia, suor excessivo, tontura e respiração acelerada.

Situações estressantes mexem com o funcionamento do organismo. Isso porque a alta liberação de hormônios como a adrenalina e cortisol podem elevar a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos, aumentando o risco de um infarto ou AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Se exercitar é uma das principais recomendações nesses casos. A atividade física reduz o estresse e fortalece o músculo cardíaco. 

OBESIDADE

A obesidade está associada ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, articulares, hipertensão, diabetes, depressão, entre outras. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), atualmente 60% dos brasileiros acima de 18 anos apresentam sobrepeso, e um em cada quatro é considerado obeso.

O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma das principais ferramentas para calcular o peso adequado, com base no peso e altura de cada indivíduo.

Para obter o IMC, basta dividir o seu peso (em quilos) pela altura (em metros) elevada ao quadrado (altura x altura). De acordo com o indicador, o peso considerado saudável é aquele situado entre 18,5 e 24,9.

Os outros marcadores do IMC são:

  • Magreza Leve (entre 17 e 18,4);
  • Magreza Moderada (entre 16 e 16,9);
  • Magreza Grave (menor que 16);
  • Sobrepeso (índice de 25 a 29,9);
  • Obesidade Grau 1 (30 a 34,9);
  • Obesidade Severa (35 a 39,9);
  • Obesidade Mórbida (acima de 40).

Uma alimentação equilibrada, aliada à prática de exercícios físicos, é essencial no combate à obesidade e sedentarismo. Nas consultas regulares aos médicos nas UBSs e outros equipamentos da rede pública, os cidadãos podem ter mais informações, orientação e encaminhamento para exames, caso seja necessário.

TABAGISMO

O hábito de fumar está relacionado ao desenvolvimento de mais de 50 doenças, como tuberculose, câncer, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade, catarata, entre outras, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O tabagismo é uma doença causada pela dependência química da nicotina, uma substância presente especialmente em cigarros.

Considerado como a principal causa de morte evitável no mundo, combater esse vício é o maior desafio de quem deseja parar de fumar. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que 10% dos fumantes chegam a reduzir sua expectativa de vida em 20 anos.

Atenção!

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para quem quer deixar o tabagismo. O Programa Municipal de Combate ao Tabagismo realiza o acolhimento e o suporte à cessação do consumo do tabaco. Para ter acesso ao tratamento, basta procurar uma das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) próxima à sua residência.

ÁLCOOL

O álcool é uma droga depressora do sistema nervoso central e o seu consumo prolongado e exagerado pode trazer inúmeros malefícios para saúde como, por exemplo, aumentar o risco de insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral (AVC) entre outras doenças.

O alcoolismo é uma doença que ocorre por conta da ingestão excessiva e compulsiva de bebidas alcoólicas, podendo comprometer o bom funcionamento do organismo, levando a consequências irreversíveis.

O tratamento do alcoolismo depende do grau de dependência da pessoa. Geralmente inclui o processo de desintoxicação, no qual é retirado o álcool de maneira gradativa e com segurança.

Atenção!

A rede municipal conta com os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) no acolhimento desses usuários. Todos os Caps trabalham em regime de porta aberta, isto é, sem necessidade de agendamento prévio ou encaminhamento. Os pacientes são atendidos por uma equipe multiprofissional composta por médicos psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e terapeutas ocupacionais que avaliam o quadro e indicam o tratamento adequado para cada caso.


Referencias
https://jornal.usp.br/atualidades/setembro-vermelho-chama-atencao-para-os-cuidados-com-as-doencas-cardiovasculares/
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/noticias/?p=334806
http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/pdf/Diretriz-HAS-2020.pdf

Para Saber mais
Ouça a entrevista, completa, do Dr. José Carlos Nicolau, médico do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, USP, concedida a rádio USP no dia 29/09/2022.