Síndrome de Burnout
Uma doença relacionada ao trabalho

Instituto Arlindo Gusmão de Fontes (IAGF) – Rafael Bombein (CREF 016866/SP) 30/03/2025

Ouça o conteúdo:

De acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome de burnout, uma doença ocupacional reconhecida e classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022. Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados no mundo. 

SÍNDROME DE BURNOUT

A síndrome de Burnout é uma doença diretamente relacionada ao trabalho e associada ao termo de “esgotamento profissional”. Elementos como excesso de trabalho, falta de compatibilidade com as funções desempenhadas, o equilíbrio entre controle e autonomia, questões de justiça e equidade, bem como os valores da empresa, estão entre os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento da síndrome, esses fatores, em última instância, resultam em um estresse contínuo que pode alterar todo o funcionamento do corpo.

SINTOMAS DA SÍNDROME DE BURNOUT

Os sintomas da síndrome de Burnout podem assumir diversas formas, afetando tanto o bem-estar físico quanto o psicológico de uma pessoa. Entre os mais comuns estão:

  • Dores pelo corpo;
  • Alterações do funcionamento do intestino e estômago;
  • Alterações cardiovasculares;
  • Cansaço;
  • Desânimo;
  • Falta de interesse;
  • Irritabilidade;
  • Alteração no sono;
  • Alterações de apetite;
  • Tristeza profunda;
  • Exaustão emocional;
  • Distanciamento das relações pessoais;
  • Diminuição do sentimento de realização pessoal.

Os primeiros sinais da síndrome de Burnout frequentemente se manifestam devido ao acúmulo de tarefas, responsabilidades e pressões resultantes de uma carga de trabalho intensa. Portanto, sua conscientização, juntamente com medidas preventivas e um tratamento adequado, assume uma importância fundamental.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico não é uma tarefa simples, uma vez que o Burnout pode ser facilmente confundido com outras condições de saúde mental. O processo geralmente inclui:

  • Avaliação clínica;
  • Questionários e escalas de avaliação, como o maslach burnout inventory (mbi), usado para avaliar se o paciente tem muitos sintomas indicativos da doença;
  • Exclusão de outras doenças;
  • Observação do impacto no trabalho e na vida cotidiana.

O diagnóstico é realizado com base nos sintomas e na avaliação do contexto em que cada pessoa está vivenciando. Essa avaliação pode ser realizada pelas equipes multiprofissionais que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e outros equipamentos que integram a Rede de Atenção Psicossocial (Raps).

Os endereços de todas as UBSs e demais equipamentos de saúde de São Paulo, capital estão na página do Busca Saúde; 

http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/

TRATAMENTO DA SÍNDROME DE BURNOUT

O tratamento da síndrome de Burnout conta com uma abordagem multidisciplinar que visa aliviar os sintomas e restaurar o bem-estar emocional e físico do indivíduo. Algumas estratégias comuns incluem:

  • Intervenção psicoterapêutica: a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é frequentemente usada para ajudar o indivíduo a desenvolver habilidades de enfrentamento, identificar pensamentos ruins e mudar comportamentos prejudiciais;
  • Apoio psicossocial: ter alguém com quem conversar e compartilhar sentimentos pode ser extremamente reconfortante, como o terapeuta, amigos e familiares;
  • Mudanças no ambiente de trabalho: fomentar um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal e estabelecer um ambiente mais propício;
  • Medicação: em alguns casos o uso de antidepressivos pode ser considerado, geralmente em combinação com a terapia;
  • Promoção do autocuidado: incentivar a prática de exercícios regulares, alimentação saudável, sono adequado e técnicas de relaxamento.

É um processo que requer tempo e esforço. O apoio contínuo da equipe de saúde mental, bem como mudanças no estilo de vida e no ambiente de trabalho é essencial.

PREVENÇÃO CONTRA A SÍNDROME DE BURNOUT

Para prevenir essa síndrome, devem ser alterados aspectos tanto no ambiente de trabalho quanto na vida pessoal. Aqui estão algumas estratégias:

  • Autoconhecimento: reconhecer os sinais de estresse e sobrecarga emocional é o primeiro passo;
  • Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: é essencial estabelecer limites claros entre o tempo dedicado ao trabalho e o de lazer e descanso;
  • Gestão do tempo: definir prioridades, estabelecer metas realistas e evitar a sobrecarga de tarefas;
  • Comunicação: se possível, manter uma comunicação aberta com o empregador e colegas. Se sentir que está sobrecarregado, conversar sobre a distribuição de tarefas ou a necessidade de apoio adicional;
  • Desenvolvimento de habilidades de enfrentamento: técnicas de relaxamento, meditação, respiração profunda e exercícios físicos podem ser muito úteis;
  • Férias e descanso adequados: o descanso é fundamental para recarregar as energias e prevenir o esgotamento;
  • Busca por ajuda profissional: a terapia pode ser uma ferramenta poderosa na recuperação e prevenção do Burnout.

 

Referencias

https://jornal.usp.br/radio-usp/sindrome-de-burnout-acomete-30-dos-trabalhadores-brasileiros/

https://capital.sp.gov.br/web/saude/w/noticias/338916

https://www.einstein.br/doencas-sintomas/sindrome-de-burnout


Para saber mais

Síndrome de BURNOUT, antes e depois; Drauzio Varella; 28 de novembro de 2023; Dr. Drauzio entrevista o Dr. André Fusco, Médico psicanalista especialista em saúde mental no trabalho, sobre o que pode acontecer antes e depois do burnout e como é possível restaurar o equilíbrio e a saúde;