Cigarros Eletrônicos

Instituto Arlindo Gusmão de Fontes (IAGF) – Rafael Bombein (CREF 016866/SP) – 15/07/2024

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Os cigarros eletrônicos, conhecidos popularmente como ‘pen drive’ ou ‘vape’, surgiram em 2003, promovendo uma falsa segurança para ajudar os fumantes a largarem o cigarro convencional. Mas pelos sabores e formatos práticos, acabaram atraindo um novo público: adolescentes e jovens. A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio do Programa Estadual de Controle do Tabagismo (PECT), em parceria com o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) – Instituto Nacional do Câncer (Inca), visa fortalecer o projeto de sensibilização, prevenção, controle, detecção precoce, tratamento e cessação do tabagismo, além de alertar a população sobre os perigos causados pelo consumo das substâncias químicas contidas no dispositivo.

Cigarros eletrônicos comercializados no mercado são fortemente direcionados ao público jovem. Atualmente, 34 países proíbem sua venda, 88 países não estipulam idade mínima para venda e 74 não têm regulamentação sobre esses produtos nocivos.

No Brasil, a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF) são proibidas, por meio da Resolução de Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009. Entram nesta lista cigarros eletrônicos, vaper, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar, heat not burn (tabaco aquecido), entre outros.

Mas apesar da proibição, não é difícil encontrá-los à venda. É extremamente importante que os usuários tenham conhecimentos sobre os riscos do uso do aparelho. “O uso de cigarros eletrônicos de nicotina aumenta o risco de uma série de resultados adversos à saúde, como toxicidade por inalação (como convulsões), vício e lesão pulmonar. Médicos pneumologistas alertam ainda sobre os truques que andam sendo ensinados nas redes sociais, que prometem transformar um vaporizador descartável em um recarregável, por exemplo. Isso se torna ainda mais prejudicial, uma vez que é manipulado, podendo acrescentar outras substâncias”, alertou a referência técnica. 

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse: “Os cigarros eletrônicos são comercializados para pessoas muito jovens para torná-los dependentes da nicotina. As autoridades nacionais devem agir de forma decisiva para impedir o consumo destes produtos e, assim, proteger os seus cidadãos e cidadãs, especialmente as crianças e os jovens.”

Os cigarros eletrônicos com nicotina são prejudiciais à saúde e causam dependência. Embora seus efeitos de saúde a longo prazo não sejam totalmente conhecidos, já se sabe que eles liberam substâncias tóxicas que são cancerígenas ou aumentam o risco de doenças cardíacas e pulmonares. Além disso, podem afetar o desenvolvimento cerebral e causar distúrbios de aprendizagem em jovens. Sabe-se também que a exposição do feto aos cigarros eletrônicos utilizados pela mãe pode prejudicar seu desenvolvimento. A exposição às emissões dos cigarros eletrônicos também apresenta riscos para as pessoas próximas.

O diretor do Departamento de Promoção da Saúde da OMS, Ruediger Krech, disse: “Empresas e influenciadores estão promovendo para crianças por meio das mídias sociais cigarros eletrônicos com mais de 16 mil sabores diferentes. Em alguns casos, personagens de desenhos animados e designs elegantes são usados para atrair os mais jovens. O uso de cigarros eletrônicos entre crianças e jovens está crescendo a um ritmo alarmante e, em muitos países, está atingindo níveis mais altos do que o dos adultos”.

A diferença entre cigarro eletrônico e o convencional é a constituição química. Os vapes supostamente contém concentrações menores de nicotina, que se encontra no estado líquido. Por outro lado, eles apresentam mais de 80 substâncias tóxicas que variam de acordo com o produto.  

“Então não se deixe enganar pelas novidades dos dispositivos eletrônicos, pois eles também podem matar. O risco da iniciação ao tabagismo é significativamente maior entre os usuários de cigarros eletrônicos, e a liberação dessa comercialização representa uma ameaça às políticas de saúde no Brasil. Estudos feitos pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que cigarros eletrônicos aumentam em até três vezes o risco de o indivíduo experimentar o cigarro convencional”, afirmou referência técnica do Programa Tabagismo da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Ivete Góis.

A indústria do tabaco lucra com os danos à saúde dos consumidores está usando esses produtos para pressionar as autoridades a não implementarem políticas de saúde contra os cigarros eletrônicos. Essas empresas financiam estudos para gerar e disseminar amplamente evidências falsas de que esses novos produtos reduzem os danos à saúde. Ao mesmo tempo, promovem agressivamente os cigarros eletrônicos para crianças e não fumantes e continuam a vender bilhões de cigarros.

É necessária uma ação forte e decisiva para prevenir o uso de cigarros eletrônicos, com base na crescente evidência sobre o uso por crianças e adolescentes e os danos à saúde que eles causam.